Elas têm olhos grandes, olhar penetrante. Quando olham para você, parecem perscrutar a sua alma. São curiosas, tudo lhes interessa, tudo lhes chama a atenção, principalmente as pessoas. São também doces, afáveis, carinhosas. O novo mundo parece não assustá-las, nascem preparadas para mudá-lo. São as chamadas Crianças Cristal, que estão chegando para a nova era. Sei o que lhes estou dizendo porque acho que tenho uma lá em casa, recém chegada: o pequeno Bernardo, meu bisneto, ora na faixa dos seis meses.
Quem as revelou publicamente foi a psicóloga porto-alegrense Ingrid Cañete, com mais de vinte anos de experiência nas áreas clínica e organizacional, e que se tornou uma aplicada estudiosa da nova espiritualidade e sensibilidade das pessoas. Ela já se dedicara ao estudo das Crianças Índigo; agora se devota às Crianças Cristal. E está convencida de que “é chegada a hora de despertarmos, de nos desvencilharmos de informações, crenças e bagagens que já não fazem mais sentido”. E que os meninos e meninas Cristal representam simplesmente um degrau a mais em nossa escala evolutiva.
Ela tem razões para pensar assim. Por dever de ofício, convive com os petizes, analisa-os, procura compreendê-los. Colhe depoimentos de pais, mães, professores e das próprias crianças. E surpreende-se a cada novo momento.
Revela: elas aparentam ser frágeis, mas só aparentam, porque têm enorme resistência física. Amam a natureza e particularmente os animais. Tem também a sensibilidade à flor da pele e não toleram incoerência, falsidade, injustiças. Nem sempre serão bons alunos, porque não têm paciência com os métodos atuais de ensino.
Ingrid conta um episódio de um menininho de quatro anos que assistia na TV à morte de inúmeras crianças nas costumeiras tragédias do Afeganistão e do Iraque e passou a chorar com grande mágoa. A mãe tentou consolá-lo:
– Crianças também morrem, filho.
– Mas essas estão morrendo antes da hora – respondeu ele.
A gaúcha Ingrid pontua que, enquanto os Índigos são os ‘rompedores de paradigmas’ e aqui chegaram para “denunciar as falsas estruturas e a ausência de sistemas de valores saudáveis e éticos”, os Cristais “possuem uma personalidade mais calma, serena e pacífica”. Seriam seres quase angelicais. Ainda assim, são determinados e chegaram apenas para ocupar o seu lugar.
Em regra, preferem manter-se em silêncio. Demoram a falar, dedicam-se à observação. E aí pode morar o perigo. Os pais, perplexos, mal informados e impacientes, em busca de proteção, correm aos médicos. Estes, acostumados a rotular e a medicar, diagnosticam logo autismo, sem saber que os Cristais – altamente ligados, comunicativos, carinhosos e afetivos – são exatamente o oposto dos autistas.
Outros veem no procedimento “estranho” o chamado “Transtorno do Déficit de Atenção” (TDA), às vezes acrescido de hiperatividade (TDAH). Ignoram que tais seres possuem uma capacidade ou “técnica de assimilação superluminar”. Aprendem rápido e se desinteressam pelas aulas.
O “tratamento” das Crianças Cristal arrepiam a psicóloga Ingrid Cañete. Ela sabe que maus diagnósticos estão levando ao uso de drogas pesadas em menores de seis anos de idade. A Ritalina é uma delas; o Concerta, outra – anfetaminas cuja substância ativa é o metilfenidato. São drogas sintéticas criadas pelos alemães e usadas durante a II Guerra Mundial para oferecer confiança e levantar a moral dos soldados. Um absurdo, portanto. Até porque é sabido que drogas anfetamínicas causam dependência e têm efeitos colaterais!
– Crianças Índigo e Cristais – ressalta a dra. Ingrid – não padecem de nenhuma doença, muito menos de autismo, déficit de atenção ou hiperatividade. Se existe alguma enfermidade, ela está nos pais e na sociedade, despreparados para receber os recém chegados.
E vai ao âmago da questão: “Os adultos desaprenderam a amar e dialogar, perderam-se em algum lugar de sua caminhada e passaram a considerar ‘normal’ ter filhos para deixá-los desde bebês totalmente sós ou entregues a estranhos, a creches, babás, videogames, televisões e à internet. Não encontram mais a ponta do fio que os conecta à vida, à verdadeira vida”.
Talvez os Cristais estejam aqui para reensiná-los.
Sobre o meu Bernardo, o querido amigo Mário da Montanha, diz que ele chegou em novíssima edição. Na encarnação passada, fora mineiro de Vila Rica e contribuíra para a literatura brasileira com obras como “A Escrava Isaura”, “O Seminarista” e “O Ermitão de Muquem”. O que fará agora, só Deus sabe.
PS – Se o tema lhe interessa, leitor, procure ler o livro da dra. Ingrid Cañete, “Crianças Cristal – A transformação do ser humano” (Edições Besourobox).