“O governo federal vê com preocupação a paralisação que é ilegal da Polícia Militar do Estado. Claro que o policial tem que ser valorizado, claro que o policial não pode ser tratado de maneira nenhuma como um criminoso. O que ele quer é cumprir a lei e não violar a lei, mas de fato essa paralisação é ilegal, é proibida pela Constituição. O STF (Supremo Tribunal Federal) já decidiu isso”.
Do ministro Sérgio Moro sobre o motim dos policiais militares no Ceará. Ele chama de paralisação, cacoete do tempo em que era proibida a greve no serviço público. Mas não é só isso. Moro diz e desdiz: o motim é ilegal, mas o amotinado não pode ser tratado como criminoso. Depois obsequia obviedades: “de fato essa paralisação é ilegal, é proibida pela Constituição. O STF já decidiu isso”. Nem o Conselheiro Acácio, nem o mentor da mediocridade na Teoria do Medalhão (Machado) diriam tanta abobrinha.
A lógica nunca foi o forte de Sérgio Moro. Mas não tem problema, porque quem gosta dele não conhece o mínimo de lógica, nem sabe soletrar a palavra. Agora como político e vizir do Mito, Moro fala para a plateia dos crentes e dementes e para o demente-mor, o pai dos crentes/dementes. O raciocínio de Moro é fascinante, podia valer para a Lava Jato: “a roubalheira foi ilegal, proibida na Constituição, o STF bla bla bla”. Mas os ladrões não poderiam ser tratados como criminosos. E o foram, por Moro.
O ministro não é lógico; é meteorologista. Naõ pensa com rigor, mas sabe com rigor para onde sopra o vento. Na Lava Jato o vento soprava contra Lula e poderia mover a caravela de Moro. Ou da outra caravela, na qual embarcou. Naquela época, quem roubava teria as mãos cortadas; era a sharia de Moro. Na atual fatiota de Mora, o ilegal de policiais que operam como milicianos é complacente, a ser molificado no excludente da ilicitude. Afinal, os milicianos sempre podem ser herois, trazer votos.