Sou do tempo do colchete, da meia cerzida e da Cafiaspirina. Tempo do Cigarro Beverly, do Sabonete Eucalol e do Gibi Mensal.
Meu pai tinha um “negócio” de secos, molhados e miudezas. Tudo era embrulhado em papel. A cerveja, o sabão em barra, os enlatados, tudo chegava acondicionado em caixas de madeira. Os jornais – O Globo, O Correio da Manhã, O Radical eram volumosos e não raro traziam fascículos com histórias em quadrinhos. E as casas e os móveis e os tamancos, tudo era feito com madeira. E haja árvore para ser derrubada! Naquele tempo os Klabin ainda não tinham inventado reflorestamento. Então, inventaram o plástico e todos os problemas acabaram.
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Naqueles tempos, na modorrenta Palmeira, todo mundo (todo mundo é modo de dizer) criava seus porcos em chiqueiros.
Isso não impedia que fossem abatidos alhures aves e mamíferos. O caçador voltava com um tateto (porco do mato) e dizia que tinha matado um cateto. Dona Lindamir, nossa professora de Matemática perguntava se não tinha também encontrado uma hipotenusa para ser adicionada à soma dos catetos. Ninguém entendia por que ela dizia isso.