Nesta quarta-feira a divulgação diária dos dados de mortos e infectados pela Covid-19 no Brasil demorou para sair. O Ministério da Saúde alegou “problemas técnicos” para o adiamento. A causa pode até ter sido mesmo dificuldade técnica, porém o desmonte que vem sendo feito no ministério por Jair Bolsonaro não permite mais nenhuma confiança sobre a atuação do governo na crise do coronavírus.
A reforma geral feita no ministério causa desconfiança por duas questões. Primeiro, nada que vem de Bolsonaro é feito com boa intenção e senso de coletividade. E mesmo que seja apenas uma mudança de método, na sua incapacidade ele não consegue fazer nada com qualidade. Com esse presidente nenhuma questão pode ser vista pelo ângulo da divergência. Não há do que divergir. Ele simplesmente não sabe fazer.
Mas enfim saiu o resultado, depois das 22 horas. Tivemos mais um recorde diário, com o registro de 1.349 mortes por Covid-19 em 24 horas. O número de vítimas fatais subiu para 32.548. O total de casos confirmados está em 584.016. De ontem para hoje, foram 28.633 diagnósticos positivos.
Neste ritmo é capaz do número de mortos pela doença chegar mesmo a 100 mil, conforme a previsão feita por especialistas logo que aconteceram as primeiras mortes, previsões que eram repelidas com ironias pelo presidente e seus aliados negacionistas e depois replicadas nas redes sociais por idiotas manipulados pela máquina de comunicação governista.
Por falar nisso, anda sumido aquele “especialista” tão exaltado por bolsonaristas, o deputado Osmar Terra, que era elogiado por Bolsonaro e sua corja de seguidores como quem mais entendia de coronavírus em todo o mundo. No início de abril o deputado, que recebeu o apelido de Osmar Trevas, enviou um áudio pelo WhatsApp para o senador Flávio Bolsonaro, afirmando com grande satisfação que a pandemia do novo coronavírus estava “desabando”.
Eles estava feliz com a grande “descoberta”, que o consagraria e desmoralizaria a oposição a Bolsonaro. Era capaz até dele conseguir finalmente sua nomeação como ministro da Saúde. No áudio, o deputado negacionista dizia que no Brasil a pandemia “já atingiu o pico no final de março”. Quisera que este político indecente estivesse certo. Em 31 de março o país tinha 201 mortes e 5.717 casos confirmados de coronavírus.
Agora já ultrapassamos 30 mil mortes e existem previsões de que esse número pode quadruplicar até o final de julho. É dureza, mas sem dúvida foi possível uma redução de danos, embora Bolsonaro tenha atrapalhado bastante como sabotador, ajudado por figuras nefastas que o cercam, além dos estúpidos seguidores que infernizam as redes sociais.
É difícil calcular como o Brasil estaria se governadores e prefeitos tivessem deixado de agir e a receita de Bolsonaro fosse aplicada. Não dá para avaliar a mortandade, até porque aos mortos pelo coronavírus seriam somadas milhares de vítimas de outras doenças e acidentes, que poderiam morrer pela falta de atendimento devido ao colapso no sistema hospitalar.
Até aqui, o esforço dos brasileiros vem amenizando o estrago causado por Bolsonaro. Seja pelo boicote desumano ou pela incompetência, nada vem de útil desse governo. De novidade, até agora só teve este atraso na divulgação. Pelo jeito, tecnicamente não estão preparados nem para contabilizar os mortos.