UM GENERAL no ministério da Saúde, um cabo na presidência da república e o governo não divulga informações atualizadas sobre os mortos na pandemia, cujo número aumenta todos os dias. É a guerra da informação manipulada, obsessão de presidente e filhos para remover empeços à reeleição, seu único objetivo e plano desde que assumiu o governo. O presidente não quer municiar a rede Globo, que faz noticiário dentro da objetividade possível.
A informação é tratada como estratégia de guerra. Um inimigo não pode saber da vulnerabilidade do outro. Foi assim na ditadura Vargas, na ditadura militar e no governo Lula, quando os gastos da primeira família eram assunto de segurança nacional. O regime Bolsonaro funciona como guerrilha de direita – bom esclarecer, porque os bolsoignaros são binários. Para eles, guerrilha é de esquerda, comunista; quanto a eles, não fazem guerrilha, fazem guerra santa.
A preguiça atávica do brasileiro ainda não levou à violência generalizada. Ainda. Mas temos a guerra civil em gestação, que todos toleram, na qual brincam de não acreditar. Está no ar, à espera que Jair Bolsonaro pressione o botão do detonador, como o terrorista que suicida os inocentes. Depois de algum tempo de quarentena espiritual, acabei por vê-lo na entrevista matinal de ontem. O susto de sempre derivou para o terror. Conheci o terror cívico, a índole de Jair Bolsonaro.
Que o presidente tem personalidade limítrofe da paranoia, os lúcidos já perceberam. É visível no ódio que expressa e no antagonismo com que vê inimigos por toda parte. Fato notório: temos um presidente que continua comandante de facção, que trata adversários como inimigos, a quem só aspira suprimir. Ao sonegar informação atualizada sobre a pandemia o presidente lixa-e para a política de saúde na federação para se fixar, como sempre, no autismo de seu interesse pessoal.