Bolsonaro, o terror cívico

UM GENERAL no ministério da Saúde, um cabo na presidência da república e o governo não divulga informações atualizadas sobre os mortos na pandemia, cujo número aumenta todos os dias. É a guerra da informação manipulada, obsessão de presidente e filhos para remover empeços à reeleição, seu único objetivo e plano desde que assumiu o governo. O presidente não quer municiar a rede Globo, que faz noticiário dentro da objetividade possível.

A informação é tratada como estratégia de guerra. Um inimigo não pode saber da vulnerabilidade do outro. Foi assim na ditadura Vargas, na ditadura militar e no governo Lula, quando os gastos da primeira família eram assunto de segurança nacional. O regime Bolsonaro funciona como guerrilha de direita – bom esclarecer, porque os bolsoignaros são binários. Para eles, guerrilha é de esquerda, comunista; quanto a eles, não fazem guerrilha, fazem guerra santa.

A preguiça atávica do brasileiro ainda não levou à violência generalizada. Ainda. Mas temos a guerra civil em gestação, que todos toleram, na qual brincam de não acreditar. Está no ar, à espera que Jair Bolsonaro pressione o botão do detonador, como o terrorista que suicida os inocentes. Depois de algum tempo de quarentena espiritual, acabei por vê-lo na entrevista matinal de ontem. O susto de sempre derivou para o terror. Conheci o terror cívico, a índole de Jair Bolsonaro.

Que o presidente tem personalidade limítrofe da paranoia, os lúcidos já perceberam. É visível no ódio que expressa e no antagonismo com que vê inimigos por toda parte. Fato notório: temos um presidente que continua comandante de facção, que trata adversários como inimigos, a quem só aspira suprimir. Ao sonegar informação atualizada sobre a pandemia o presidente lixa-e para a política de saúde na federação para se fixar, como sempre, no autismo de seu interesse pessoal.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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