O governo deixou claro mais uma vez seu caráter autoritário. O presidente Jair Bolsonaro editou uma Medida Provisória que permite que o ministro da Educação escolha reitores temporários nas Universidades durante a pandemia. A medida da Presidência da República e do ministro Abraham Weintraub é arbitrária. Desde o primeiro dia no poder eles conspiram contra a autonomia universitária e a democracia na gestão de órgãos públicos de universidades e institutos federais.
É difícil realizar um processo eleitoral, como estabelece a lei, em meio à pandemia. Mas reitores e ex-reitores me explicam que há alternativas. A regra prevê debates, campanhas e votos de toda a comunidade acadêmica: professores, alunos e funcionários. Nesse momento, fica complicado realizar um processo complexo como esse. Mas ao invés da indicação de um reitor biônico, o cargo pode ser ocupado nesse período pelos vice-reitores. Eles foram eleitos depois dos reitores e podem assumir.
Outra opção é nomear um reitor pro-tempore, sim, mas não de forma autocrática, pelo presidente da República. A comunidade acadêmica pode ser consultada de forma online. São saídas democráticas. Mas o ministro Weintraub está aproveitando a pandemia para impor mais uma das suas medidas autoritárias.
Desde seu começo no governo, Weintraub ataca as universidades federais, chamou de antro e balbúrdia, fez acusações que não conseguiu provar. Ele sempre fez isso em relação à autonomia e à gestão das universidades. A lista das polêmicas de Weintraub não cabe em um texto como esse. Na reunião ministerial do dia 22 de abril, ele em nenhum momento falou sobre os problemas da educação. O ministro se omite. O Conselho Nacional de Educação já teve que suprir essas omissões de Weintraub. Ele se aproveita da pandemia para mais uma medida antidemocrática na Educação. Miriam Leitão|O Globo