Criticado pela sociedade, pelo Judiciário e pela sua própria corporação, o procurador-geral da República, Augusto Aras – aquele colhido no anonimato e nomeado fora da lista tríplice montada pela classe – garante que doravante vai mudar de comportamento – ainda que isso possa indispor-lhe com o patrão.
Na semana passada, fechou o cerco aos organizadores dos protestos que pedem o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, e realizou ações, com desusada celeridade, contra apoiadores do governo, incluindo os distribuidores de notícias falsas, os famigerados fake news. Quer dizer, cumpriu o seu dever.
Além das críticas generalizadas a seu comportamento, nas últimas semanas, Aras sofreu quatro derrotas nas eleições para o Conselho Superior do Ministério Público e perdeu a maioria no colegiado responsável por definições importantes do órgão.
Antes havia dito besteira, ao interpretar o art. 142 da Constituição Federal e afirmar que um Poder que invade a competência de outro perde suas garantias constitucionais e enseja a atuação das Forças Armadas.
Pisou feio no tomate também quando despachou a subprocuradora Lindora Araújo para vascular a Força-Tarefa de Curitiba, colher dados de bancos de dados sigilosos, sem justificativa para tal providência. O ato foi mal visto não apenas pelos procuradores do Paraná, mas por boa parte dos integrantes de MPF, inclusive na PGR.
Isso irritou Aras, que, em nota dura, disse que o grupo da LJ “não é um órgão autônomo do Ministério Público”. E verbalizou: “Fora disso, a atuação passa para a ilegalidade, porque clandestina, torna-se perigoso instrumento de aparelhamento, com riscos ao dever de impessoalidade”.
Antes de assumir a procuradoria-geral, Augusto Aras louvava a operação desencadeada com sucesso na República de Curitiba e também no Rio de Janeiro e em São Paulo. Uma vez nomeado, mudou de opinião, sobretudo quando as investigações chegaram aos filhos do chefe.
Por isso, devo dizer que não acredito no “endurecimento” do doutor Aras. É puro teatro para enganar a plateia. Ele está de olho na vaga que abrirá em novembro no STF com a aposentadoria compulsória do ministro Celso de Mello. O resto é encenação, faz-de-conta, e tudo continuará caminhando como tem sido nesses últimos meses. Desagradar o patrão, de jeito nenhum.
Seria bom se, uma vez ministro, Augusto Aras assimilasse também o entendimento do atual detentor da cadeira que ocupará:
“Guardadas as devidas proporções, o ‘ovo da serpente’, à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (de 1919 a 1933), parece estar prestes a eclodir no Brasil! É preciso resistir à destruição da ordem democrática, para evitar o que ocorreu na República de Weimar quando Hitler, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo presidente Paul von Hindenburg em 30 de janeiro de 1933, como chanceler (primeiro-ministro) da Alemanha, não hesitou em romper e em nulificar a progressista, democrática e inovadora constituição de Weimar, impondo ao país um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição em março de 1933 da lei nazista de concessão de plenos poderes que lhe permitiu legislar sem a intervenção do Parlamento germânico!!!”
P.S. – Rogério Distéfano, no blog Insulto Diário, com toda a gentileza, chama-me de mentiroso, porque prometi que não mais falaria do insano inquilino do Palácio do Planalto e continuo falando. Não é verdade, Distéfano. Quando muito, como referência de terceiros. Veja que sequer cumprimentei s. exª. por haver sido contaminado pelo Covid-19, aquela “gripezinha”. Ele tanto procurou que achou. E durante as comemorações do Dia da Independência dos EUA. Os mais de um milhão e setecentos mil infectados brasileiros o acolhem e saúdam. E eu acrescento um hurra para o Trump!