SAUDADE dos políticos inteligentes, das antigas, como José Maria Alckmin e Carlos Lacerda, para citar apenas dois. Alckmin foi vice-presidente do general Costa e Silva. Quando o presidente sofreu AVC e ficou inválido, veio a dúvida se o vice assumiria: ele não era do agrado dos militares por seu passado de político civil, ainda que apoiador do golpe. Sempre cercado pela imprensa, quando era perguntado se assumiria o governo, Alckmin respondia: “Não, eu sumo”. E sumiu, com o golpe dos três ministros militares que formaram junta de governo e elegeram presidente e vice também generais.
Lacerda merece antologia de suas respostas rápidas, cirúrgicas, com presença de espírito. Ele chamava seu líder na assembleia do Rio, Amaral Neto, de Amoral Nato. Quando discursava na câmara dos deputados, um colega pediu aparte e chamou-o de purgante. Lacerda não perdeu a fleuma: “Se eu sou o purgante, vossa excelência é o resultado”. E continuou o discurso. Com a redemocratização não apareceram políticos com esses atributos, nem mesmo FHC. Lula, Dilma, Temer nada acrescentaram. Foram da metáfora paisana do futebol ao bolodório de advogado com o intervalo da burrice explícita e cristalina.
Bolsonaro, já se sabe, tem distúrbios cognitivos e de atenção; não forma o raciocínio básico e a frase elementar com sujeito, predicado e complementos mínimos. Na semana seu general-ministro da Saúde contribuiu para a indigência intelectiva imperante. À pergunta de um repórter sobre o AI-5, Eduardo Pazzuelo respondeu: “Não sei, nunca estudei isso, nasci em 1963”. O repórter não avançou para perguntar se na escola militar o general-ministro tinha aprendido o que aconteceu em 22 de abril de 1500, quando o português desembarcou na Bahia. Pazzuelo é sobrenome italiano. É diminutivo de pazzo, louquinho.