O BRASIL sempre foi socialmente demarcado: ricos, classes médias, pobres e miseráveis. Politicamente, nunca. Antes era a geleia geral em que nada se definia ou demarcava, as classes se misturavam como nas novelas da Globo. Nem o PT conseguiu fixar o nós e o eles tão repetido por Lula e seguidores. Não esqueçamos que o PT elegeu Lula e Dilma duas vezes cada um, trazendo na arca de suas alianças políticos de todas as classes, ou seja, manteve a geléia geral, indistinta e difusa.
Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de demarcar o Brasil. Não foi original, replica o modo Lula do nós e eles – embora o intelecto do Capitão não chegue a tamanha abstração; para ele é eu e meus filhos e tudo isso daí, que são os que ficam na frente, a atrapalhar o caminho da família-quadrilha. Sem o alcance ideológico de um Hitler ou de um Mussolini, Bolsonaro conseguiu o mesmo: dividir o Brasil entre os bolsonaristas e os antibolsonaristas.
E qual a diferença entre uns e outros? Não é política, ideológica ou religiosa, é de pauta. Os bolsonaristas acreditam que serão salvos pelo Capitão – ou morrem com urros de amor ao líder, como os companheiros que Stálin mandava matar. Os antibolsonaros sabem que com o Capitão é morte certa. No Brasil de hoje a escolha é só a da qualidade da morte, porque o Capitão irá nos matar a todos. E ele terá a melhor das atenuantes, a do crime por omissão, por ser inepto e inútil.