Pelo menos dois foram derrubados pelas eleições municipais deste ano: Jair Messias Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Não elegeram nenhum dos candidatos que apoiaram. Leram bem? Nenhum, nem unzinho.
A gente acha que o eleitor não sabe votar, Às vezes, não sabe mesmo. Mas está aprendendo.
Percebendo que Jair e Lula não eram boas companhias, muitos candidatos tentaram afastar-se deles. Alguns – os do PT –, esconderam o partido, não o citaram durante a campanha. Mas não houve jeito. A sigla amaldiçoada já os marcara.
Luiz Inácio ainda teve alguma esperança, no segundo turno, em Recife, em São Paulo e em Porto Alegre. Nessas últimas capitais, os concorrentes não eram bem do PT, mas do PSOL e do PCdoB. Lula, no entanto, pôs fé neles, estavam bem posicionados nas pesquisas, mas qual o quê! A neta de Miguel Arraes perdeu para o primo, um menino de 27 anos, filho do falecido Eduardo Campos e que ainda tem a felicidade de namorar a bonita deputada paulista Tabata Amaral. João Henrique Campos é bisneto de Miguel Arraes. Lula, como se sabe, é pernambucano de nascimento e iniciou a sua trajetória em São Paulo. Foi sepultado nos dois Estados.
A não menos bonita Manuela d’Avila, que o Ibope garantia ser a vencedora do pleito, quase chegou lá. E até merecia a eleição, mas aí o eleitor porto-alegrense lembrou-se de que ela fora candidata à vice de Haddad na eleição presidencial de 2018. Lembrou-se também de que ela fora ligada ao PT a vida inteira e tinha a simpatia de Lula. Resultado: perdeu para o emedebista Sebastião Mello, goiano de nascimento, ex-vice de José Fortunati.
O encolhimento do PT era esperado. Graças às estrepolias e aos delitos de seus componentes em passado recente. O partido, que já fora o segundo maior do Brasil e que já comandara 630 prefeituras, desta feita, não foi além de 183.
Já o capitão Messias, ciente de que o seu atual poleiro anda um tanto embostado, tentou fazer de conta que não apoiava ninguém. Mas, através de postagens ilícitas transmitidas do Palácio do Planalto, apoiou, entre outros, Celso Russomano (São Paulo), Marcelo Crivella (Rio), Capitão Wagner (Fortaleza), Ivan Sartori (Santos), Bruno Engler (Belo Horizonte), Coronel Menezes (Manaus) e Delegada Patrícia (Recife). Todos foram derrotados.
Isso também era esperado. E os motivos mais do que conhecidos. Ninguém mais com algum senso pode apoiar alguém que trata como “gripezinha” uma epidemia que só no Brasil já matou mais de 170 mil pessoas; que trata as vítimas com desprezo; que, cada vez que fala, só diz besteiras; que é um mau exemplo a cada passo que dá; que tem como ídolo um débil mental que usa topete laranja; que nomeia um general do Exército para cuidar da saúde pública, assim como seria capaz de nomear uma enfermeira para comandar o Exército; que mantém no ministério aloprados perniciosos como Ricardo Salles, Ernesto Araújo, Damares Alves e na Fundação Palmares um negro que nega ter havido escravidão no Brasil, assim como um farsante no comando da economia nacional; e, sobretudo, é capaz de qualquer desatino para desviar a atenção de seus filhos enrolados com a Justiça.
Isso não quer dizer que o resultado do pleito de 2020 tenha sido uma maravilha. Muito malandro, muito farsante, muito incompetente foi eleito e/ou reeleito; todos, certamente, contribuirão para afundar ainda mais este país. Eles são frutos da atual realidade e da aridez de talentos que domina a vida pública nacional. O que fazer? Talvez olhar com mais seriedade para 2022. Basta de aproveitadores, de dilapidadores do patrimônio público, de farsantes, de mitos e de fomentadores da intriga e do ódio! Se é sina do Brasil ir em frente aos trancos e barrancos, que ao menos sigamos em paz.