A dificuldade do governo de Jair Bolsonaro em obter as vacinas fabricadas na Índia não é aduaneira e nem científica. Tampouco se trata de um problema de transporte e nem de um risco de calote. Brasília, no fundo, esbarra em outro obstáculo: o nacionalismo do governo indiano.
Neste fim de semana, Nova Déli inicia sua vacinação em massa, prevendo 600 milhões de doses para os próximos meses.
O governo ultranacionalista indiano tem sido pressionado por sua base mais radical a demonstrar agora que esse caráter do discurso do primeiro-ministro Narendra Modi vai além das palavras. Diplomatas na Índia confirmaram à coluna que um dos aspectos para fechar essa equação das entregas ao Brasil era a questão política.
Foi justamente esse nacionalismo que aproximou os dois líderes. No ano passado, Modi convidou Bolsonaro para a celebração do dia nacional do país. O indiano é acusado de fazer uma campanha nacionalista, de atacar minorias e até de minar o caráter de diversidade do país. Seus laços com líderes da extrema-direita também têm sido alvo de polêmicas.