A incontestável vitória de Arthur Lira (PP-AL) para a Presidência da Câmara dos Deputados afasta a possibilidade de que um dos mais de 60 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro ou que uma CPI da Pandemia prosperem. Pelo menos, enquanto o presidente da República disser “sim, senhor” e “sim, senhora” aos seus mais de 300 novos sócios. E aceitar pagar para governar.
Em troca de relativa tranquilidade até o final do mandato e da construção de um bloco com forte entrada no Nordeste, o que ajuda a pavimentar a sua reeleição (Lira, de Alagoas, conseguiu até apoio de políticos da região que pertencem a partidos de esquerda), o presidente da República terá que dividir o poder.
O que significa, por exemplo, engolir palavras que já proferiu como “quem demite ministro sou eu”. Na verdade, não mais. Ministérios com orçamentos, cargos e capacidade de gerar impacto nas bases de congressistas, como o da Saúde, da Cidadania e da Educação terão que, mais cedo ou mais tarde, serem entregues a indicados de seus novos sócios.
O contrato fisiológico estabelecido entre Congresso Nacional e Palácio do Planalto é muito mais um “aluguel” do que uma “compra”, como escrevi aqui ontem. Tanto que, se os pagamentos cessarem, não há pudor em romper o contrato e despejar o inquilino. Uma boa sugestão, portanto, é que Jair deixe tudo no débito automático.