Secretário de Pazuello com cadeira no CFM é o elo entre Bolsonarismo e a classe médica

APESAR DE SE DIZER uma instituição “apartidária”, o Conselho Federal de Medicina tem entre seus conselheiros mais influentes um secretário do governo de Jair Bolsonaro. O ginecologista Raphael Câmara, tido como membro da ala ideológica do governo federal, acumula o cargo de conselheiro do CFM e de secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.

Não bastasse a proximidade entre o presidente da República e o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, o secretário Raphael Câmara, representante do Rio de Janeiro, é descrito internamente por médicos que participam das reuniões do conselho como o responsável por fazer a ponte entre o governo Bolsonaro e o órgão, informando o executivo federal das discussões e debates que rondam o conselho, além de pressionar seus colegas de jaleco para evitar criticar o presidente e suas ações no combate à pandemia.

Apesar de ter assumido um cargo dentro do Ministério da Saúde em junho de 2020, Câmara não solicitou afastamento das funções de conselheiro. Não é ilegal manter os dois cargos, mas médicos que integram o órgão relatam que sempre foi uma questão de ética pedir licença do conselho ao assumir um cargo público, para evitar possíveis conflitos de interesses. “Como coordenar uma autarquia independente com membros do governo fazendo parte das decisões?”, questiona uma das fontes ouvidas pela reportagem.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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