Admiradores fanáticos

Jair Bolsonaro ficou completamente em silêncio sobre o deputado Daniel Silveira. Ele abandonou o companheiro, bolsonarista de primeira hora e um dos mais fanáticos adoradores do presidente. Silveira era também muito próximo dos filhos do presidente, que nada falaram em favor do amigo preso. Toda a família Bolsonaro ficou calada.

A tendência é que na votação desta sexta-feira na Câmara a maioria dos deputados mantenha o deputado na prisão, determinada pelo STF. Mais adiante ele poderá até ser cassado. Do jeito que ficou a situação que foi criada, não tem deputado que queira ser associado ao que Silveira fez. Mesmo os que dizem que vão votar a favor, abrem a fala justificando que são contra o que ele disse no vídeo.

Ontem, Bolsonaro fez a costumeira live de quinta-feira e tampouco tocou no assunto. Não dá para ficar surpreso com isso. O deputado Silveira é apenas mais um companheiro que o presidente larga para trás, mesmo quando o outro complica-se porque segue as instruções que ele vai soltando nas suas falas de improviso.

Foi o que aconteceu com Silveira neste episódio grotesco, seguindo a liderança de quem não faz o que fala, além de ter o costume de recuar quando a situação se complica.

Bolsonaro usa o prestígio e o poder do cargo de presidente para estimular ações não só equivocadas como impossíveis de colocar em prática. Como se diz no popular, Bolsonaro viaja. E tem insensato que obedece, felizmente em número cada vez menor.

O estímulo ao clima de ódio e confusão só vai até surgir complicação, quando o incauto que abraçou seu discurso pretensamente ideológico acaba sendo deixado para trás sem a mínima consideração.

O deputado preso mostrou que é um despreparado. Esta enganação já foi desmascarada na prática muitas vezes, quando outros foram atrás das mesmas lorotas e quebraram a cara.

O problema agora para Bolsonaro é que este episódio deve criar um distanciamento do chamado bolsonarismo raiz, hoje em dia composto por poucos fanáticos que ainda pelejam para manter precariamente a marca política que levou a direita ao poder.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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