Após desmontar o eficaz Bolsa Família, substituindo-o pelo eleitoreiro Auxílio Brasil, e sendo incapaz de apresentar um projeto nacional para geração de postos de trabalho decentes, Jair Bolsonaro lançou um programa para incentivar empresas a doarem a bancos de alimentos através de isenção no ICMS. Como sempre, terceirizou.
Em um momento em que moradores de Fortaleza reviram caminhões de lixo em busca de sobras e cidadãos do Rio de Janeiro correm atrás de restos de carne e ossos antes distribuídos aos cachorros, esperava-se mais do presidente da República do que apenas gastar dinheiro público (que é isso o que é isenção de impostos) em produtos que, muito provavelmente, estarão próximos da data de validade. Isso sem contar que parte desses produtos podem ser ultraprocessados ao invés de comida de verdade.
Redes de bancos de alimentos devem sim ser abastecidas, mas dentro de um projeto maior. Bolsonaro poderia, por exemplo, ampliar a compra de pequenos produtores e assentamentos da reforma agrária, responsáveis pela maioria da comida que consumimos, para distribuir a quem precisa usando estruturas de escolas, associações comunitárias, creches, restaurantes populares e entidades de assistência social. O que mata a fome e impede a miséria rural.