Morreu nesta madrugada de quinta-feira, 3 de fevereiro, aos 95 anos, a jornalista Rosy de Sá Cardoso. Ela fou a primeira mulher a ter registro profissional de jornalista no Paraná e atuou por mais de seis décadas nas redações paranaenses — quatro delas na Gazeta do Povo. A jornalista estava internada no hospital da Cruz Vermelha, em Curitiba.
Rosy, que era cantora de boleros, precisou mudar de ramo ao descobrir um calo nas cordas vocais. O primeiro trabalho oficial no ramo foi como colunista social do jornal O Dia, quando Rosy tinha 21 anos, em 1948. Até então, Rosy era servidora pública – primeiro do governo do estado, depois da prefeitura de Curitiba. Como cantora, atuava na Rádio Guaraicá desde os 14 anos, quando ainda morava em Paranaguá.
No início, ela assinava seus textos como F. de X.: Filha de Xaguana. Mas, em poucos meses passou a assinar Rosy ao fim dos textos. De O Dia, Rosy foi para o Estado do Paraná, onde tinha uma página inteira para preencher com notas sociais e serviços culturais. Durou cerca de dois anos. Depois, passou a escrever para revistas como Panorama, Divulgação e Alta Sociedade. Seguia trabalhando com o colunismo social, mas já tinha experimentado de tudo um pouco no jornalismo.
Em 1950, entrevistou o candidato à presidência Cristiano Machado, cobriu o jogo do Brasil contra a Espanha pela quadrangular final da Copa do Mundo. Atuou em um programa de variedades que ia ao ar no canal 6, a TV Paraná, afiliada da Tupi.
Enquanto trabalhou no Diário do Paraná (oficialmente entre 1970 e 1976, apesar de ter começado no jornal cerca de sete anos antes) e na Gazeta do Povo (1977 a 2017), aproveitou as oportunidades criadas pela própria editoria e as férias para meter o pé na estrada. Em 95 anos de vida, visitou cerca de 90 países nos cinco continentes
Rosy de Sá Cardoso nasceu em 19 de dezembro de 1926, em uma casa que ficava na rua Pedro Ivo, à beira do rio. Passou a infância em Paranaguá, devido ao emprego de bancário do pai, e voltou a Curitiba pouco depois da morte dele, em 1942.
Quando não estava trabalhando ou viajando, escreveu poemas, dedicou-se ao estudo de história, pagou cursos e graduações de uma série de colegas que não tinham as mesmas condições financeiras que ela e desafiou regras da sociedade. Ela foi uma das primeiras curitibanas a usar calças em público, a dirigir – uma paixão – e a entrar em bares como o Rei do Mate, que não atendiam mulheres.
Nos Natais, fantasiava-se de Papai Noel, para a alegria dos filhos de seus amigos e de outras crianças. Não casou ou teve filhos, assim como seus irmãos.