Integrantes e ex-integrantes do governo vão procurar abrigo no Legislativo
Além de tirar Bolsonaro do poder, há outra questão tão importante quanto: o Congresso. Ao contrário do que afirmou o então candidato Tiririca, em sua primeira eleição: pior do que tá fica. Em 2018, a renovação de nomes no Poder Legislativo era uma das pautas da sociedade, o que se confirmou com o resultado das urnas. Na prática, o Congresso atual é apontado como o pior da história.
Foram eleitos 243 novos deputados, o que representa 47,3% dos parlamentares. Para surpresa de ninguém, o PSL, então partido do presidente, foi o que mais ganhou representatividade. Dos 52 nomes da sua bancada, 47 eram estreantes. No Senado, a mudança de caras foi ainda maior. De cada quatro senadores que tentaram a reeleição, apenas um conseguiu. Das 54 vagas, 46 foram ocupadas por gente nova, mais de 85%. Em ambos os casos, a maior transformação desde a redemocratização.
Não é surpresa para ninguém que, entre aqueles que nunca tinham exercido cargo público, estivessem lideranças evangélicas, celebridades excêntricas e parentes de oligarquias nos estados. O que de fato mudou o cenário foram os candidatos eleitos a reboque de Bolsonaro e do discurso antipetista. O impacto da presença deles é profundo.
Testemunhamos o fenômeno do bolsonarismo se consolidar com a eleição de gente despreparada, vingativa, caricata, arruaceira, com visível indigência intelectual. No dia a dia, mostraram que mesmo com toda essa falta de atributos são muito competentes em alimentar a seita que o presidente criou e mergulhar o país numa crise democrática.
Em 2022, pode ser ainda pior. Integrantes e ex-integrantes do governo, que ganharam projeção durante suas catastróficas gestões, além de nomes que se destacaram desde o início da pandemia por seu negacionismo, vão procurar abrigo no Congresso. Trata-se de gente muito mais inteligente e articulada. É um bolsonarismo com verniz, portanto, mais perigoso.