EM SABATINA do Uol, o governador Ratinho Júnior declara que confia nas urnas eletrônicas. Mas ressalva que existem outros instrumentos para aferir a legitimidade dos votos. Como o muro é largo, o governador chegou a dançar lá em cima. O muro do governador é como a Muralha da China: passa um exército inteiro por ele, duzentos guerreiros, um ao lado do outro. Aqui em baixo, na pinguela onde nos equilibramos, a gente pergunta: “quais instrumentos?”.
Ou o Uol não quis saber ou o governador não se deu ao trabalho de informar; ou porque não sabe e apenas chutou o que lhe apareceu à frente, como de hábito. A Ratinho Júnior temos que conceder o benefício da dúvida porque ele nos vende o malefício da certeza. Nosso governador é um craque em sabatinas desde que disputou o governo com Cida Borghetti. Ele chegava ao estúdio com cara de menino que saiu do banho, fresquinho, cheiroso, bem dormido e alimentado, com a lição decorada.
E Cida, sorriso amarelo, mesmo sendo governadora e presumivelmente informada do que fez, fazia ou teria que fazer no governo, era atropelada por seu ex-secretário. Nesta nova sabatina, para cumprir o dever de casa e honrar o pai, o governador apoiou as críticas (?) do parceiro Jair Bolsonaro à justiça eleitoral. Mas – sempre a ressalva da escapatória – disse que confia na justiça eleitoral. Tem que confiar, pelo menos até que Roberto Requião impugne sua possível reeleição. E chegou ao governo legitimado por essa justiça.
Sorte do governador que seus eleitores – ainda – confiam nele, apesar dos é-e-não é, pode-ser-que-sim, pode-ser-que-talvez, que repete à exaustão e conjuga em variados tempos e modos. Com tanto negaceio, logo a senhora primeira dama, espectadora privilegiada, deixará de acreditar nas juras de amor do marido. Ama ou não ama, o voto matrimonial comporta ressalvas, etc; somos casados e adversários, jamais inimigos. Ratinho parece um Álvaro Dias com pele louçã, que vende fumaça até ao espelho.