LI a frase de Donald Trump, na época em que se lançou candidato, na qual jactava-se de poder matar alguém em plena luz do dia na Quinta Avenida, em Nova Iorque, que nada lhe aconteceria; que nasceu com imunidade e impunidade garantidas. Ainda que chocante, não achei absurda, porque o absurdo alia-se ao doentio na sociedade dos EUA. Um passeio pela História revela que esse apanágio (perdoe o palavrão) é da sociedade que sucumbe ao engodo de líderes carismáticos e manipuladores – ainda que estes não resistam à menor análise da racionalidade e da consistência do que dizem e fazem. Trata-se de uma relação não racional, espiritual, digamos, até mágica entre o manipulador e os manipulados: estes aceitam, aprovam, submetem-se, aplaudem.
Cansa, mas é necessário repetir exemplos, tanto de bons como de maus. Passa por Moisés, Cristo, Maomé, chega em Hitler, Kadaffi, Stalin, Trump … e Bolsonaro. Bolsonaro, do grupo dos facinorosos, tem as mesmas impunidade e imunidade: a desatenção com o covid, a destruição da Amazônia, a fome e o desemprego, o cinismo abusado e hipócrita, as mentiras deslavadas que ofendem o brasileiro, o caos econômico e administrativo que criou para garantir-se no poder. E, como sempre ele nos insulta depois de nos injuriar, o apelo aos EUA para o golpe contra as eleições e o cinismo impiedoso com o desaparecimento do jornalista inglês e do sertanista brasileiro na região da Amazônia que entregou ao tráfico, à destruição ambiental e à criminalidade, inclusive estrangeira.