Reflexões com sabedoria

Maria Lucia Wood Saldanha está com novo livro na praça. Escrito com os olhos. E com o coração. “A Vida é Bela – Como aprender com ELA” é o título. São 96 páginas de pura emoção, superação e lições de vida. A foto da capa (criada por Bira Menezes) é do mestre J. Kalkbrenner Filho e a edição caprichada da Máxi Gráfica e Editora, com o apoio da Fecomércio, de Darci Piana; do Clube Curitibano e do GRPCom. A ideia e a supervisão foram de Luiz Renato Ribas, do Projeto Memórias Paraná. Toda a renda será destinada inteiramente à Associação Pró-Cura da ELA.

Já lhes falei aqui da Maria Lucia. Mas não custa repetir: Malu é uma brava guerreira. Bonita, jovem, culta, viajante apaixonada e advogada, aos 41 anos de idade, foi acometida da moléstia ELA. Se o leitor não sabe o que é a ELA, saiba que a Esclerose Lateral Amiotrófica é uma síndrome neurovegetativa progressiva e incurável. Começa com fraqueza e a paralisia dos membros superiores e inferiores. Depois, ataca a fala, a deglutição e a respiração.

Hoje, totalmente imóvel, Maria Lucia mexe apenas os olhos, ouve e tem o cérebro funcionando a mil. Mas, com o olhar comanda a vida e sente-se feliz por estar viva. Com a ajuda de um dispositivo chamado Tobii, acoplado ao computador, já escreveu dois livros, nos quais expõe, com sinceridade e coragem, as suas reflexões.

Uma delas: “Apesar de totalmente imóvel, alimentando-me por sonda gástrica e traqueostomizada, respirando com a ajuda de um ventilador mecânico, pretendo viver muito ainda e não descarto a hipótese de ser curada. Enquanto há vida, há esperança, mas também, enquanto há esperança, há superação”.

Em outra reflexão, que intitulou “Talvez…”, Malu pondera:

“Talvez eu não viva para ver a cura… Talvez eu não viva para conhecer meus netos… Talvez eu não viva para reviver bons momentos… Talvez eu não viva para viajar novamente…

“Mas estou viva ainda para reconhecer os meus erros. Estou viva ainda para dizer que amo. Estou viva ainda para pedir perdão. Estou viva ainda para me colocar no lugar do outro. Estou viva ainda para valorizar o passado. Estou viva ainda para viver o presente… E viver o meu presente sem orgulho, medo, raiva, tristeza ou angústia, procurando ser paciente e controlando o nervosismo.

“Eu não precisaria ter adoecido para aprender a extrair o melhor de mim. Mas foi assim que ocorreu.

“Não espere acontecer um infortúnio para se refazer e se tornar melhor…

“Eu tive a oportunidade. Talvez… você não tenha”.

Há pessoas que passam por este mundo sem deixar vestígios. Outras, não apenas marcam a sua caminhada como dão lições de vida. Maria Lucia Woo Saldanha é uma destas – escrevi no prefácio que tive a honra de assinar na edição de “A Vida é Bela – Como aprender com ELA”.

Desfrute dessa mais recente publicação da Maria Lucia. Ela poderá ser encontrada na Ticollor (R. Conselheiro Laurindo, 506), no Centro Espírita Ildefonso Correia (Av. Visconde de Guarapuava, 5434) ou diretamente com o Ribas (tel. 99773699). E, depois, envie a sua opinião à autora: Facebook e Instagram, mlucia.saldanha@hotmail.com. Ela vai ficar feliz da vida.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Célio Heitor Guimarães. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.