O raciocínio – perdoe-se o exagero – de Jair Bolsonaro é como o daquela piada do japonês que foi à pedicura. Olhando o pé do paciente lá de baixo, ela diz que ele tem olho de peixe, um parasita comum. O japonês repica de imediato “e a senhora tem cara de puta”.
Bolsonaro fez mais uma das suas, o tal argumento ad hominem, que não rebate o fato, mas ofende o interlocutor. Caso da semana, com a jornalista Amanda Klein, quando esta perguntou sobre as compras de mansões. Bolsonaro não respondeu a pergunta. Apenas lembrou que o marido de Amanda é seu, dele, eleitor.
De fato, Amanda já disse em transmissão, que esta é a diferença dela com o marido: ele bolsonarista, ela petista, mas sem prejuízo da relação. A jornalista não perdeu a viagem e disse que Bolsonaro não respondeu e preferiu ofender com assunto pessoal. O Bolsonaro do sigilo dos 100 anos acha-se acima do escrutínio da opinião pública.
O marido de Amanda veio a público e elogiou a atitude da mulher ao enfrentar e responder na lata de Bolsonaro. A propósito, o tchutchuca que não suporta enfrentar mulher fugiu da contradita de Amanda, preferindo dizer que a imprensa só faz perguntas impróprias. Deve ser isso, perguntas impróprias.
Ainda recentemente, no programa Sikêra Júnior, sensacionalista, Bolsonaro e Michelle presentes, o apresentador – já processado por danos morais – perguntou a esta se Bolsonaro “nega fogo”, aquilo do “não brocha”. Ela perguntou ao marido se podia responder; autorizada, disse que nunca. A pergunta apropriada para o casal mentiroso.