Mais um caipira em Saint James

Bolsonaro vai a Londres para o funeral da rainha Elizabeth II. O pretexto é visita de Estado, mas na realidade será evento da campanha eleitoral, como o ridículo e vexaminoso Sete de Setembro, que começou – e foi proibido pelo TSE – de veicular como propaganda. O presidente do Brasil será ridículo e canhestro de novo, mais no Exterior que no Brasil, porque lá fora fica evidente nele o desconforto caipira, o desalinho e a ausência do talhe de estadista, será presença apagada, primeiro por representar um país que seu governo transformou em pária entre as nações civilizadas.  O que esperar de um presidente que espera uma hora em antessala da ONU para dizer a Donald Trump uma única frase: “I love you Mr President” (talvez daí tenha vindo o “imbrochável”…).

Como será evento de campanha, Bolsonaro chegará na Inglaterra com a braguilha aberta, de um lado o Véio da Havan fantasiado de periquito (para sua campanha de senador por S. Catarina), de outro Micheque, fazendo ares de mulher bem comida. Mas fique tranquilo, brasileiro pensante. Não será o primeiro ridículo da oligarquia brasileira na Inglaterra. Nos anos 1950, Assis Chateaubriand, empresário de imprensa, comprou a peso de ouro um quadro de Winston Churchill (considerado pintor amador) e foi recebê-lo do autor, em Londres. No meio da cenografia, sacou da mala um jibão e um chapéu de jagunço, vestiu-os num surpreso Churchill, a quem obrigou a ajoelhar-se para receber nos outros três toques da peixeira que Chateaubriand também trazia.

Com o quadro na mão e a pretexto de documentar a entrega, Chateaubriand aprontou uma das palhaçadas que impunha e condecorou o ex-primeiro ministro inglês como cavaleiro da Ordem do Jagunço, criada por Chateaubriand macaqueando a comenda inglesa da Ordem da Jarreteira. Ficaria feio dar a Churchill o título de Sir (como em Sir Ney, de onde surgiu Sarney, o avô do ex-presidente, que assumiu o sobrenome de engenheiro inglês que construía ferrovia no Maranhão). Talvez tenha ficado no Nhô Winston. Portanto, Bolsonaro será apenas mais um caipira na corte de Saint James. Compare depois com a foto de Lula e Marisa com a rainha e o príncipe Philip.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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