Bolsonaro levou o cercadinho para Londres: aboletou-se na janela da embaixada brasileira e fez comício para bolsomínios expatriados – uma pá de gatos pingados, enquanto Lula falava para milhares em Curitiba. O presidente do Brasil sempre revela sua capacidade de cair mais baixo na indignidade. Enquanto estadistas do mundo mostravam contenção e respeito pela morte da rainha, motivo do convite de sua ida ao enterro de Elizabeth II, Bolsonaro agia como vereador de grotão fazendo demagogia para exigir no horário eleitoral, como o ridículo de comparar o preço da gasolina em Londres com o praticado no Brasil.
O gado que responde a seu berrante considera brilhante a comparação. Não sabe que a gasolina é apenas um indicador da economia. Não comparou a eficiência dos governos, a pujança do país e o grau de civilização. O mito mitômano não compara a fome do Brasil com a da Grã Bretanha, a quantidade de prêmios Nobel de cá com a de lá, os contrapontos brasileiros de Newton, Darwin, Keynes, Shaw, Stuart Mill. Nem ele poderia comparar-se a Boris Johnson, político tido como de seu naipe: Johnson é autor de biografia de Churchill e Bolsonaro, o analfabeto funcional no rés-do-chão da abjeção moral.