Bóstia & Bósnia

Curitiba é um campo minado pelo bolsonarismo. No prédio em frente duas janelas com as bandeiras do Brasil. No vizinho do lado, idem. Mais adiante, a bandeira no mastro do prédio recém lançado. A bandeira está por tudo, verde e amarelo nos atacam por todos os lados. A caminho  do Museu do Olho, casas de madeira dos anos 1950, caindo aos pedaços, o carrinho popular podre, trinta anos de uso, no varal a bandeira. Cruzei com quatro dessas. Claro que ao olhar para o alto dos prédios elas estão nas janelas, como a imensa que ocupa os dois andares do duplex de cobertura de frente para o Palácio Iguaçu.

O casal em bicicletas cruza na calçada, marido e mulher, com a camiseta da Seleção; atrás deles, também de bicicletas, os dois pentelhinhos, que não sabem o que é bandeira, o que é seleção, sabem o que é pai e mãe – e sabem mais ainda o que é o Mito, de quem nunca vão precisar para pagar as vacinas, o hospital e a escola, pois disso só precisam os parasitas da nação, os eleitores do Nove Dedos, cujo vermelho desapareceu da praça. Dou de cara com a amiga do grelo duro, doutora da Federal. Ela comenta: “racionalmente acho que vamos ganhar”. Santa inocência. O Brasil transita da bóstia para a bósnia.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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