Se o brasileiro tivesse memória já teria incluído Neymar no panteão Wilson Simonal, do ídolo que queima prestígio e respeitabilidade com pela ilusão de impunidade. Simonal sumiu de cena na plenitude do sucesso e morreu esquecido porque teria usado relações da ditadura para prender e investigar o contabilista a quem atribuía desvios de dinheiro. O cantor morreu alcoólatra e esquecido e seus filhos lutam até hoje para limpar sua memória.
Houve no caso Simonal a mesma rejeição que passa a atingir Neymar: a proximidade com a ditadura que matava, e com Jair Bolsonaro, que pretende reinstitui-la. O craque visitou Bolsonaro duas ou três vezes, inclusive no auge da omissão criminosa na pandemia, apareceu em fotos com o presidente e ainda há pouco disse que dedicaria seu sucesso na Copa ao presidente, que diz admirar pelos “valores da religião e da família”. Neymar enfiou os pés pela boca nessa frase mentirosa.
Um carma vem visitando o craque, que vive na sem cerimônia de criança rica, mimada, com indulgência plenária enquanto satisfaz o gosto da plebe. Como disse Camões na imagem eterna, Simonal e Neymar incidiram no “engano d’alma” que a vida não permite perdurar. O primeiro aderiu aos militares durante a ditadura e o outro aderiu a Bolsonaro, que hoje se confunde com a ditadura, que defende, aprecia e não se incomoda em replicar com generais prepotentes e seguidores cegos e desvairados.
O Brasil vinha tolerando Neymar, desde seu namoro documentado e exibicionista com Bruna Marquezine. O Brasil torceu o nariz quando o craque importou a garota de programa Nájila Trindade a Paris e lá protagonizou cenas de agressão que chegaram à polícia paulista. A aproximação com Bolsonaro não soa exercício livre e patriótico de opção política quando se sabe do milionário débito que Neymar Sr e Jr buscam na Receita Federal um afago como o que Simonal obteve dos gorilas da ditadura militar.