Petista chega a Brasília e a expectativa é que ele entre diretamente nas negociações para aprovação da PEC da Transição
Esta semana é decisiva para a definição dos rumos do próximo governo. O presidente eleito Lula chegou a Brasília ontem à noite e a expectativa é que ele entre diretamente nas negociações. Não é só ter o nome do ministro da economia, mas também da Casa Civil e do articulador político para negociar a PEC da transição. É preciso definir o valor e o prazo para que a proposta comece a tramitar porque os prazos são muito curtos.
Se o dólar subir muito, impacta o preço dos alimentos. Uma grande reportagem de Carolina Nalin hoje “O Globo” mostra como o valor dos alimentos será um desafio para o próximo governo. No de Bolsonaro, subiu 44%, enquanto a renda do trabalhador diminuiu 7%. Alguns sugerem a volta dos estoques reguladores para tentar controlar a crise dos alimentos.
O volume de problemas que o governo Lula terá que enfrentar é enorme. O país vive uma situação anômala. O atual governo não é cooperativo, mas pior, ele nem governa mais. O presidente abandonou o governo, está em silêncio, e não toma providências diante de tantas questões graves.
E o novo ainda não tem o poder da caneta nem as informações completas. Cada vez que busca mais dados, encontra mais problemas. Há um vazio de poder e, nesta situação, toda a cobrança recai sobre o governo que virá, o do presidente Lula.
A correria é grande porque até os grupos temáticos de transição não estão completos, como o da Defesa e o do Meio Ambiente. E estes grupos têm prazos para entrega do relatório: devem entregar o primeiro agora no dia 30 e, o último, dia 10. Na Defesa, por exemplo, há o problema do relacionamento dos militares, que ficou pior pela maneira como as Forças Armadas se comportaram durante o governo Bolsonaro, o que alimentou muito esta mistura entre governo e Estado. Militares da ativa deram declarações estranhas que tumultuaram as questões institucionais. O trabalho para preparar este governo é um xadrez complicadíssimo.
Na área econômica, há a pressão do mercado financeiro e dos empresários para que haja definições rápidas tanto sobre a PEC como sobre nomes. Os governadores também começam a entrar no jogo. Em entrevista ao “Valor”, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, reclama da falta de tratamento igualitário em relação aos governadores e aos prefeitos nas discussões em curso sobre a PEC da Transição. Diz que deveria haver o mesmo tratamento na prerrogativa fiscal a ser concedida ao governo federal já que, segundo ele, os estados estão sendo muito prejudicados pela decisão da redução do ICMS sobre combustíveis. É curioso justamente Caiado falar isso.
Quem tomou a decisão de tirar receita dos estados para derrubar artificialmente o preço da gasolina foi justamente Bolsonaro. E ele apoiou o presidente Bolsonaro. Agora, no governo de transição, ele acha que dói. Mais um trabalho para o presidente Lula, herdado do governo Bolsonaro