Não é porque é véspera de Natal – ou exato por isso – que deixaremos de enaltecer a escolha do deputado Ricardo Barros para a secretaria de indústria, comércio e serviços do governo Ratinho. Um presente de Natal para Lula e para nós. Para Lula porque tira do caminho o mais eficiente operador político dos últimos vinte anos, exato agora quando o senador Romero Jucá come o pão sovado pelo demônio. Para nós porque o deputado é daqueles políticos que quando lhes convém nos fazem o bem.
Tamanha a admiração por Barros que o Insulto chegou a ofender Thomas Morus, o autor da Utopia, dizendo que Barros lembrava muito o santo – “homem que não vendeu sua alma”, conforme a propaganda do biopic de Fred Zinnemann. Quero crer que a escolha foi feita na penumbra, acordo maquiavélico do governador com Lula. O fígado dos políticos não tem fel; ao contrário, não raro exala mel. O governador marcou gol de placa, escolheu o homem certo para o lugar certo.
Uma rápida e perfunctória visita às generalidades do dicionário revela que Ricardo Barros é a própria indústria, o verdadeiro comércio e a quintessência dos serviços. Agora, longe do desgaste e das agruras de servir Jair Bolsonaro – e a tantos outros antípodas -, Barros recolhe-se ao descanso do guerreiro para o suave domínio que o levará ao governo do Paraná. Que o rato não roa a roupa do rei de Roma.