A administração pública parece coisa simples, mas não é. Prova, entre outros, é o desatinado que nos desgovernará até 31 de dezembro.
Segundo os manuais, considera-se administração pública o conjunto de agentes, órgãos e serviços instituídos pelo Estado, nos âmbitos federal, estadual e municipal, com o objetivo de realizar a gestão de áreas da sociedade, como a educação, a saúde, a cultura e a segurança. Mas, sobretudo, trabalhar em favor do interesse público, reduzindo-lhe as carências e a desigualdade social.
Para tanto, a administração pública precisa contar com os melhores nomes disponíveis, gente competente e bem intencionada – o que nem sempre acontece. Ao contrário. Daí o sofrimento da população administrada, como se tem visto nos últimos anos.
A impressão é que foi esgotado, no Brasil, o filão de pessoas capacitadas, probas, generosas e altruístas. Ou que estas – que, sem dúvida existem e constituem a maioria do povo brasileiro – preferem passar longe da administração pública.
Tive alguma experiência no poder público. Foram 35 anos, vinte dos quais em cargos de direção. E sou testemunha de que a administração pública não dói. Isto é, dá trabalho, exige esforço, nem sempre é compreendida, muitas são as decepções. Mas pode ser exercida. Com dignidade, seriedade e decência. E depois. Ao final da jornada, pode-se ir para casa, com a sensação do dever cumprido e botar a cabeça no travesseiro sem nenhum peso ou arrependimento.
Luiz Inácio Lula da Silva está voltando ao governo da Nação. No próximo domingo, assumirá o terceiro mandato. Vamos ver a que virá. Será a sua derradeira oportunidade de fazer o que prometeu na campanha eleitoral, e para limpar a sua biografia na História do Brasil.
A primeira coisa a fazer – como eu disse a ele no bilhete que lhe enviei na semana passada – é ter em mente que quem ganhou a eleição foi ele, Luiz Inácio, e não o PT. Sem ele, o PT não é nada. Em 2022, elegeu apenas quatro governadores (Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia); também quatro senadores, de um total de 81, e dezenove deputados federais, de um total de 513. Isso é quase nada.
No entanto, o PT está tentando tomar conta do terceiro governo de Lula. Abiscoitou os ministérios mais importantes e tem dado palpites nos demais, inclusive com alguns vetos. Isso não é bom, companheiro Lula.
A inclusão da senadora Simone Tebet na equipe foi um parto. Luiz Inácio deve a ela, em grande parte, a vitória no segundo turno, mas o PT tem medo que a mato-grossense do sul se fortaleza no governo Lula e se torne um problema (para o partido) nas eleições de 2026. Isso, certamente, acontecerá. Mas, preferem que ela se fortaleça na oposição?!
Além do que, por imposição do PT, Luiz Inácio quase passou para a História com a chaga de ingrato, mal-agradecido e – por decorrência – burro.
Tome tento, presidente! Para conversar, prefira o Geraldo. Ou a Janja, e não a Gleisi ou o José (da ala menos nobre dos Guimarães), cujo assessor foi flagrado com dólares na cueca. Essa gente deve ser arredada, Luiz Inácio. Assim como os oportunistas do chamado Centrão, que só lhe darão dor de cabeça.