Doze anos de alagação

NÃO É DE HOJE que Curitiba quase afunda com chuvas e enchentes. Não é de hoje que Rafael Greca é prefeito, coisa de doze anos (interregno de Gustavo, o breve, não conta). O que ele fez sobre o problema? Nada e não podemos cobrar nada dele. Nosso prefeito é devoto do padroeiro dos motociclistas, o santo xará, Rafael, ele e Jair Bolsonaro, que recebeu na prefeitura com salamaleques e ademanes.

Nosso prefeito não acende velas para são Pedro, o santo da chuva. Nem para são Valdomiro Magno, também xará nos dois nomes, nosso prefeito presta devoção. Afinal, o santo é ucraniano, e magno, para nosso prefeito, só existem dois: ele e Alexandre, nessa ordem. Enquanto Curitiba alagava, o prefeito estava em Lisboa, devoto do vinho verde e do bacalhau espiritual. 

Doze anos de chuva, doze anos do mesmo prefeito, ressalvado o interregno de Fruet, ocupado em conceder alvarás para derrubar o Hospital do Ahú e liberar o hipermercado na área coalhada de supermercados. Rafael  gosta da chuva que refresca; mora em andar alto, imune a enxurradas e goteiras. E sonha com o dilúvio curitibano, ele a pilotar e MinhaMargarida a perfumar a arca.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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