Bolsonaro será presidente de honra do PL, remunerado como ministro do STF. Se e quando voltar ao Brasil, o que se torna a cada dia mais provável pelo desarranjo do governo Lula e pelos deslizes do presidente, como entrar em polêmica com Sérgio Moro. Os franceses têm o ditado a tout seigneur tout honneur. Quer dizer, cada qual deve ser tratado com o respeito adequado; o tout seigneur o senhor de verdade, digno. Quem manda no PL é Valdemar da Costa Neto, não exatamente “um varão de Plutarco”, como Jânio Quadros dizia de Paulo Maluf, a quem negava equiparar aos heróis do filósofo grego.
Valdemar foi cassado e preso, condenado em processo de corrupção. Nunca deixou a política, que exerceu de dentro da prisão. Sem mandato, passou a ser dono de partidos e manobrista político. Com visão do mercado político, comprou o passe, então vago, de Jair Bolsonaro no final do mandato deste e, com os 40% de fanáticos do ex-presidente, conseguiu uma grande bancada legislativa e centenas de prefeitos. Com a fuga de Bolsonaro para os EUA, trouxe Micheque para seu partido e a entronizou como como presidente do PL Mulher, na expectativa de fazê-la uma Isabelita Perón.
Inseguro como homem, Bolsonaro tem ciúmes da mulher e teme a erosão de seu capital político e dos filhos. Daí a obsessão de voltar ao Brasil, reforçada pela perda da poupança saudita. A escolha de Bolsonaro e da mulher como presidentes do PL é esperteza de Valdemar no jogo de desconfianças com Bolsonaro, que dura enquanto durar a estabilidade emocional de Carluxo, dono dos humores do pai. Valdemar, Mito e Micheque, de per si e em conjunto, têm a honra que merecem, A honra do chefe do PL e do casal é como a dos mafiosos italianos, os “onorati mafiosi”, mafiosos honrados.