Quando os juízes só falavam nos – e pelos – autos, ninguém entendia. Era a língua enrolada, o português de tabelião alfacinha, o latinório com odor de sacristia, mas a coisa terminava bem. Não tinha isso de terceira e quarta instâncias, um juiz atropelando outro entre elas, até a entregar sujeiras do colega durante o churrasco da turma. Muito, bem antes, de se falar de decoro parlamentar, que não existe, os juízes praticavam o decoro judiciário, que nem usava esse nome.
Deve ser coisa da internet, ou da televisão, complexo de BBB, cacoete de WhatsApp só pode ser, aquilo de cada um buscar o minuto de fama. Aqueles juízes de antigamente não eram anjos, não senhor. Sabiam sacanear de jeito, mas com classe, sem baixar o nível. E, diferença para os de hoje, sem deixar vestígios, rabos soltos de cachorrinhos de madame.