Político já estava dentro da aeronave mas foi chamado para ter bagagem revistada e passar por geral; Polícia Federal nega abuso
O deputado estadual Renato Freitas (PT) foi retirado de um avião para ser revistado por policiais. O caso ocorreu na quarta-feira passada (3), no aero porto de Foz do Iguaçu, mas só agora veio à tona – a assessoria do deputado diz que tem preferido agir com calma na divulgação de possíveis casos de racismo, em função da perseguição constante contra o político. A PF diz que vai apurar possíveis abusos, mas que em princípio tudo ocorreu dentro da normalidade, e que tudo teria começado com o deputado se negando a ser inspecionado no lugar devido (veja nota abaixo).
Segundo informações de seu gabinete na Assembleia Legislativa. O deputado estava voltando de um evento do Ministério dos Povos Indígenas em que participou como representante da Assembleia Legislativo. No aeroporto, porém, Renato foi avisado de uma revista – os policiais federais disseram que ele foi escolhido “aleatoriamente”.
O vídeo divulgado nas redes sociais mostra Renato já dentro da aeronave. Em seguida, o deputado sai para que sua bagagem de mão seja inspecionada. Um dos policiais diz que o sistema prevê a revista de passageiros num rodízio aleatório, de acordo com o número de pessoas que passam pelo aeroporto. O Plural está atrás de informações sobre como funciona esse sistema e se ele realmente é aleatório.
Vídeo / Renato Freitas pic.twitter.com/y717kU4JDd
Depois de verificar todo o conteúdo de uma mopchila do deputado, o policial informa que vai revistado. Renato, que agiu pacificamente todo o tempo, pergunta se vai “levar uma geral”. Novamente, o policial diz que ele foi escolhido aleatoriamente para isso. Mais uma vez, nada é encontrado e o deputado é liberado para voltar a seu assento. Só depois de já ter entrado ele critica a ação, chamando os agentes de ignorantes e racistas.
Ao entrar na aeronave novamente, os outros passageiros, que estavam tendo o voo atrasado por causa do procedimento “aleatório”, tentam dizer que está tudo bem, que todo mundo passa por isso. O vídeo se encerra quando o petista pergunta se de fato acontece com todos, se já aconteceu com alguém ali.
Renato, que já chegou a ser cassado ilegalmente na Câmara de Curitiba por um protesto antirracista, tem se destacado pela posição combativa em defesa dos negros e das comunidades periféricas. Na Assembleia, vem travando um combate com a bancada da bala, representada por policiais e por bolsonaristas que não aceitam seus posicionamentos.
Leia a nota da Polícia Federal
A Polícia Federal informa que foi acionada no último dia 3 de maio para auxiliar Agente de Proteção da Aviação Civil (APAC) na inspeção de passageiro que teria se recusado a se submeter a medidas adicionais de segurança estabelecidas pela Resolução, no aeroporto de Foz do Iguaçu/PR.
Este teria se recusado a passar pelo procedimento no local indicado e se dirigido diretamente até a aeronave. Dessa forma, a equipe de inspeção do aeroporto acionou a PF para que a acompanhasse até o avião e procedesse à inspeção devida.
Cumpre ressaltar que a condução da inspeção de segurança é feita por Agente de Proteção da Aviação Civil (APAC), contratado pelo operador do aeródromo.
A Polícia Federal esclarece que todos os procedimentos foram realizados em conformidade com a resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Ressalta ainda que eventuais abusos ou falhas na condução do procedimento serão devidamente apurados.