Lula dá uma pausa nas questões domésticas na terça-feira (30), para se dedicar ao retiro dos líderes da América do Sul, que é como tem chamado o encontro em Brasília com 11 dos 12 presidentes da região.
Somente o Peru não vai enviar seu chefe de Estado, porque enfrenta uma crise política desde que o então presidente Pedro Castillo tentou dar um golpe de estado.
Lula espera se firmar como líder do continente, principalmente nos diálogos com Estados Unidos e Europa. Para isso, conta conseguir certo consenso em temas que lhe interessam, como meio ambiente e mudança climática, uma de suas principais pautas no exterior; o combate ao crime organizado, que acredita ser um assunto de interesse de todos os presentes; e a defesa de um cessar-fogo imediato entre Rússia e Ucrânia, outro tópico sobre o qual tem se dedicado.
Em suas falas no exterior, mais de uma vez Lula citou a América do Sul como exemplo de continente que não busca a guerra, preferindo resolver seus conflitos por meio da política. O petista quer alinhar discursos entre seus pares para pressionar europeus e americanos – que, segundo acredita, só falam de guerra em vez de buscar o fim do confronto.
Não está prevista uma declaração conjunta ao fim do convescote. O motivo é prático, segundo uma fonte da diplomacia brasileira: criar consenso iria requerer mais do que um encontro —ou retiro.
Os países sul-americanos estão com líderes das mais diversas matizes ideológicas; daí a dificuldade de se criar consensos. Também faltou uma organização multilateral em que se pudesse debater assuntos de interesse comum nos últimos anos.
Havia a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), criada em 2008, mas o organismo foi esvaziado a partir de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, que via o fórum como lugar de esquerdistas.