A reforma tributária passou na câmara dos deputados. Passou no sentido de aprovar o projeto do governo Lula e no de atropelar Jair Bolsonaro. O ex-presidente era contra, apenas por ser contra, para prejudicar o atual governo, a velha política da terra arrasada, do quanto pior, melhor.
Bolsonaro cometeu o passo em falso de convocar seu partido, o PL, com presidente e tudo (o inefável Valdemar da Costa Neto), a São Paulo para reunião sobre a matéria: ele queria a rejeição do projeto e, na melhor hipótese, seu adiamento. Não conseguiu nem um nem outro. De passagem humilhou Tarcísio de Freitas, seu ex-ministro, atual governador de São Paulo, a quem acusou de ignorante em política, aceitando, sem reagir, mas com inegável prazer, as vaias de sua claque contra um governador que gaguejava justificando seu apoio à reforma. A humilhação será o habeas corpus político do governador.
Não contente, como o escorpião da anedota, liberou seu mastim n. 02 a divulgar pela rede o escracho que impingiu ao governador. Lula venceu, tanto para o bem como para o mal. O bem significa neutralizar, quiçá começando a erodir, a influência de Bolsonaro; o bem poderá significar o efeito possivelmente virtuoso da reforma. O mal significa mais dinheiro para os parasitas do Centrão, que cravarão suas presas mais fundo na jugular do Brasil. Considerados bem e mal, o bem venceu a partir da derrota de Jair Bolsonaro. E derrotar Bolsonaro, ainda que a tal preço, é alento para o Brasil.
Por enquanto, que amanhã é outro dia, e como ensina o Evangelho de São Mateus, cada dia reserva sua agonia.