Sociedade entre governo e centrão não se estende a parcerias em campanhas eleitorais
O presidente Luiz Inácio da Silva está num relacionamento sério com o Congresso. Disso deu notícia o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) quando anunciou que o governo estaria “aberto” a discutir a inclusão de partidos como PL, PP e Republicanos na estrutura da Esplanada.
Em politiquês castiço isso quer dizer que haverá reforma ministerial para levar a oposição para dentro da situação. Nada de modo muito radical. Serão feitos remanejamentos cirúrgicos, de forma a não atingir aliados da “frente” nem desagradar totalmente o PT, que terá de ceder alguns espaços.
Numa roda de conversa dias atrás, Padilha dizia que a tal reforma levaria a articulação política ao estado da arte. “Minha vida vai melhorar muito”, desabafava o ministro. Tal otimismo, contudo, requer calibragem.
Pelo seguinte: a sociedade com oposicionistas para dar andamento ao governo por quatro anos não implica que estejam misturados nas disputas eleitorais do meio do caminho.
Parceiros na chamada governabilidade não necessariamente são companheiros de palanques. Essa relação direta não existe nem no campo da esquerda e muito menos existirá agora que a direita tem condições objetivas de competitividade.
Nos primeiros governos de Lula, o centrão-raiz esteve com ele, inclusive nas eleições. O cenário agora é diferente. Embora ao presidente seja útil dividir os partidos adversários e a eles interesse a adesão de resultados, a parceria tem prazo de validade.
Na verdade, dois prazos. O primeiro, no pleito municipal, quando deputados federais se empenham na eleição de prefeitos e vereadores que serão reforço nas campanhas de reeleição dois anos depois. Aqui, o plano da direita é bater o PT em todas as capitais.
O segundo e definitivo prazo, em 2026, marcará o último ano do atual mandato de Lula, que terá oposição pesada dos agora sócios de ocasião.