Ao conseguir 45 assinaturas (são necessárias 27) para a instalação da CPI da Braskem, o senador Renan Calheiros tem outros alvos em mente, além da óbvia petroquímica: a Petrobras e, especialmente, seu presidente, Jean Paul Prates.
A briga começa local. Renan está insatisfeito porque a Braskem fez um acordo com a prefeitura de Maceió para pagar indenizações, não com o governo do estado. O prefeito é aliado de Arthur Lira, seu inimigo figadal; já o governador é aliado de Renan.
O Bastidor informou um mês atrás a “desfeita” que o presidente da Petrobras fez a Calheiros, que o convidara para falar sobre os danos causados pela Braskem em Maceió na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor do Senado.
Prates não foi. Disse que não poderia comparecer, mesmo estando em Brasília. Naquele dia, o presidente da Petrobras priorizou outras agendas, como dar entrevista à Globonews. Renan Calheiros não esqueceu. E, agora, Prates é um dos alvos da futura CPI.
A Petrobras é a segunda maior sócia da Braskem e tem cadeira e voto no seu conselho de administração. É por isso que o senador de Alagoas pretende ouvi-lo, para saber quais ações tomaram os representantes da petroleira no maior desastre ambiental e social ocorrido em Maceió e a responsável é a Braskem.
Cinco bairros em Maceió —Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol— sofreram coim afundamentos em decorrência da exploração do sal-gema. Os primeiros problemas foram identificados em 2018.
A mineração pela empresa criou crateras subterrâneas, que fizeram casas e prédios racharem. Aproximadamente 55 mil pessoas abandonarem suas residências e seus negócios e os bairros se transformaram cidades-fantasmas.
A disposição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em avançar com a CPI vai dizer o quanto a fritura de Prates por Calheiros é jogada com a articulação do governo no Senado.
Mesmo que o regimento diga que, ao alcançar o número de assinaturas a leitura no plenário e sua instalação são automáticos, caberá a Pacheco pautar. O leitor lembra que a CPI da Pandemia só saiu do papel porque o presidente do Senado foi obrigado pelo Supremo Tribunal Federal.