Shpilques im tuches

ESTÁ no Diário Oficial, o protocolo antiassédio das mulheres. Criação da deputada petista Maria do Rosário, o protocolo resume-se na frase “Não é não”. Ou seja, quando a mulher diz não, é não, ponto final, nada de talvez ou quem sabe. Mas como tudo que envolve a língua falada e escrita neste país, com ou sem sotaque petista, a expressão é equívoca, no rigor da ontologia para as expressões de sentidos conflitantes; ao contrário das categóricas – ou unívocas. Portanto, “não é não” também pode ser lido e entendido como “esse meu não não é um não”.

Ainda que o Insulto tenha ojeriza a advérbios – e a petistas salvadores do mundo – esse “Não é não” precisaria de um “mesmo”: “Não, não mesmo”. Mas o que esperar da petista Maria do Rosário que, em cerimônia sobre o Holocausto na sinagoga de Curitiba, enalteceu Jesus Cristo. Rosário era ministra dos Direitos Humanos de Dilma. Sem contar o nome “do Rosário”, com tamanha falta de noção, o governo seria melhor representado pelo ministro da Agricultura, que poderia falar sobre o maná que Deus mandava aos judeus durante o Êxodo.

(Esta crônica é dedicada ao doutor Isaac Ingberman, que, sentado ao meu lado na sinagoga, indignado com o pronunciamento da ministra, contorcia-se na cadeira e me sussurrava em ídiche: “Essa mulher me enfia shpilques im tuches, que mal traduzido significa “agulhas no rabo”.)

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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