O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, terá de prestar novo depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira. Na semana passada, a PF vazou informações de que se ele não der mais detalhes sobre alguns pontos, seus benefícios pelo acordo de colaboração podem não se concretizar. Cid virou colaborador após meses de prisão e o que disse foi fundamental para a operação Tempus Veritatis, no mês passado.
Agora, Cid é vítima do depoimento do general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A polícia vazou informações de que ele deu um ótimo depoimento, com detalhes como ter sido chamado por Bolsonaro para falar sobre a minuta do golpe – uma das provas de que o ex-presidente liderou uma tentativa de golpe de estado.
Freire Gomes tem algumas vantagens. Ele apareceu no relatório da Operação Tempus Veritatis como um opositor da tentativa de golpe, inclusive sendo xingado pelo então vice-presidente, general Braga Neto, por se recusar a conspirar contra a democracia.
Como só a PF sabe o que disse Freire Gomes, Mauro Cid está no escuro. É um jogo no qual a polícia tem todas as vantagens e poderá arrancar mais informações do tenente-coronel – o que é uma péssima notícia para Jair Bolsonaro.
O que a polícia quer são mais detalhes para fechar uma história que já está bastante completa. Nesta história, Bolsonaro articulou com os militares um golpe de estado, pelo qual decretaria um estado de emergência, prenderia o ministro Alexandre de Moraes, melaria a eleição que perdeu para Lula e ficaria no poder.
As poucas chances de Bolsonaro não ser denunciado, condenado e preso diminuem a depender do que Cid disser nesta segunda.