Érika Andrade de Almeida Araújo recebia insignificantes R$ 4.800 como advogada quando o marido Rivaldo Barbosa de Araújo, delegado de carreira, foi alçado à chefia da divisão de homicídios às vésperas do assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista desta, Anderson Gomes. Como por mágica, sortilégio até acidental coincidência, Érika passou a atender empresas de fachada que atuavam no mercado imobiliário. Não por acaso o mesmo mercado que teria levado os irmãos Brazão a mandar matar a vereadora que criava dificuldades às milícias da grilagem de terras.
Os Brazão, Rivaldo e Érika estão sob prisão preventiva enquanto respondem como mandantes e beneficiários pelos homicídio. Até que uma reviravolta incompreensível dos STJ e STF revele que a morte foi suicídio-homicídio póstumos, vingança de Marielle contra adversário, Érika é considerada cúmplice do marido e dos Brazão. Preparemo-nos para a justiça absolver Érika como um fenômeno empresarial, uma “Ronaldinha dos negócios”. E faria sentido: o que esperar de quem comparte a vida, o leito e a fortuna com outro craque, “um Rivaldo da segurança.” Infelizmente, o Brasil é feito dessas infelizes coincidências.