O Perse na vingança

A senadora Daniella Ribeiro achou uma forma de aumentar o valor do Perse

A mudança feita no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) pela relatora, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), nesta terça-feira é mais um lance da disputa entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o governo.

Daniella Ribeiro incluiu no texto vindo da Câmara a correção do valor máximo de 15 bilhões de reais pela inflação. É um truque eficaz, uma forma de aumentar o valor para 17 bilhões de reais até 2026.

A senadora é colega de partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que está de mal do governo desde que a Advocacia Geral da União apelou ao Supremo Tribunal Federal para brecar a desoneração da folha de pagamento de municípios e de 17 setores. A desoneração foi aprovada pelo Senado no final do ano passado.

Portanto, a atitude de Daniela deve ser vista como mais um movimento de Pacheco e seus aliados para se vingar do governo. É um conflito que está começando. Pacheco tenta forçar o governo a aceitar a renegociação da dívida de Minas, entre outros interesses. Nesta terça, ele desmarcou almoço que teria com líderes de partidos do governo e com ministros. Foi um recado de má vontade.

Se a mudança de Daniela for aprovada na votação marcada para esta terça, o texto terá de voltar à Câmara e não poderá ser promulgado até quarta, dia 1º. Devido ao feriado, praticamente não há parlamentares em Brasília.

O Perse é um programa que dá desconto em impostos. Foi criado para auxiliar o setor de eventos durante a pandemia, mas seus valores se multiplicaram e despertaram a atenção da Receita Federal, que encontrou sinais de empresas que nada têm a ver com o setor e de corrupção.

Segundo o Ministério da Fazenda, o Perse custou quase 11 bilhões de reais no ano passado, um valor acima do esperado. Em busca de mais receita para a meta fiscal, o governo quer reduzir o programa – o que significa menos dinheiro para empresas que estavam aproveitando a benesse.

A briga vai longe. Mesmo que o projeto seja aprovado no Senado, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), já encaminhou um projeto para restringir os benefícios do Perse: apenas empresas com faturamento de até 78 milhões de reais por ano teriam direito ao programa.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em O Bastidor. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.