Foto sem crédito.

Pouco exagerando, podemos dizer que a temperatura ontem em Curitiba estava em torno de zero grau. Isto em pleno verão brasileiro, quando a maioria da população só quer saber de Carnaval, ventilador e água de coco fresca.

O Paraná é mesmo “Um Brasil Diferente”, como bem escreveu o nosso grande crítico e escritor Wilson Martins: “Assim é o Paraná. Território que, do ponto de vista sociológico, acrescentou ao Brasil uma nova dimensão, a de uma civilização original construída com pedaços de todas as outras”.

À parte o ponto de vista sociológico do mestre, no aspecto climático a capital do Paraná não só é um Brasil diferente, como também é um Brasil fora da rotina desse país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Em janeiro, tem Carnaval: enquanto os cariocas afinam os seus tambores, no Bacacheri uma polaca colhe beterrabas para a sopa quente (borsch) do jantar. Em fevereiro, enquanto os baianos transpiram com a pimenta do acarajé, em Santa Felicidade uma italiana estica a massa para fazer o macarrão que será servido com vinho aos turistas mineiros encasacados. Em março, enquanto os paulistas se encontram atravancados no trânsito, às margens do Rio Tietê, no Parque Barigüi as quatro estações espelham suas graças no lago, num mesmo dia.

Somos um Brasil diferente, no entanto não estamos aproveitando essas discrepâncias sociológicas e climáticas para acrescentar ao calendário um novo destino turístico ao Brasil – nos meses de janeiro, fevereiro e março.

“Saia da rotina, venha para um Brasil diferente”: ao prefeito Beto Richa dou de graça o mote para fazer de Curitiba, no verão, um destino turístico alternativo: com muita gengibirra Cini, cerveja, vinho, gastronomia, música, teatro, cinema, literatura e até acreditem – rock-n’-roll: “Quem não gosta de Carnaval terá um motivo bem diferente para ficar em Curitiba entre os dias 2 e 4 de fevereiro” diz a notícia do jornal. “É que justamente no período da festa mais popular do país acontece na capital paranaense um dos maiores festivais de rock independente da cidade, o Psycho Carnival 2008, que será realizado no Jokers Pub”.

O calendário já existe, faltando apenas alguns ajustes. Janeiro, exemplo: já contamos com a Oficina de Música de Curitiba. Enquanto o termômetro acusa um frio que dói os ossos, músicos alunos e professores – estão esquentando a cidade, com uma programação que ocupa nossos melhores endereços, dos teatros aos restaurantes. Só falta agora traduzir tanta harmonia em mais cifras para o turismo, abrindo os teatros para uma concorrida programação paralela dedicada ao grande público.

Em março tem o Festival de Teatro de Curitiba, já famoso e consolidado. Sem tirar nem pôr, público e platéia vão muito bem obrigado! e está aí um exemplo onde a iniciativa privada cumpriu o seu papel; e longa vida para Festival de Teatro de Curitiba.

Em fevereiro não tem Carnaval: precisa dizer mais? Para preencher esta lacuna, basta apenas que a Prefeitura incentive a criação de um festival gastronômico. Todas as nações aqui já estão à mesa ou um festival de literatura e cinema.

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Saia da rotina, venha conhecer um Brasil diferente: ontem só faltou nevar em Curitiba. Para o final da próxima semana, não perca: teremos Carnaval no gelo.

Dante Mendonça [23/01/2008]O Estado do Paraná.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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