The ballad of the skeletons, do beat Allen Ginsberg, lançado em 1996, é um poema musicado, mas não cantado pelo autor que aproveita para dissecar a cultura americana (e contemporânea) apoiado na competente cozinha musical de Philip Glass e Paul McCartney, aqui tocando bateria e guitarra. Ginsberg lembra a parte falada de Hurricane, do Dylan, uma semi-fúria atonal. As 32 estrofes do poema são repetitivas e apresentam sempre a mesma estrutura. Algo assim:
(tradução literal)
Disse o esqueleto do presidente
eu não quero assinar a conta.
Disse o esqueleto do porta-voz
sim, você vai
Disse o esqueleto do parlamentar
eu objeto!
Disse o esqueleto da Suprema Corte
o que se pode esperar?
Disse o esqueleto do militar
eu compro a bomba
Disse o esqueleto da Classe Alta
vamos matar mães solteiras de fome
Disse o esqueleto do Macho:
a mulher no seu lugar
Disse o esqueleto do fundamentalista
cresce a raça humana
Disse o esqueleto de Buda
compaixão é riqueza
Disse o esqueleto da Empresa
mas é ruim pra sua saúde
(…)
O CD apresenta três versões do poema, duas com 7 minutos e outra com 4,20, onde Ginsberg (1923-1997) analisa o esqueleto (herança) de vários ícones: feminismo, NYTimes, CIA, NAFTA, Budda, viciados, Yahoo, Chrysler, homofobia, igreja, escola pública… Um acerto de contas abordado com o humor crítico e ácido de um judeu americano e homossexual. Disse o esqueleto do Ginsberg: I pay the bill.
Disponível para downlowd.
Toninho Vaz, de Santa Teresa
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