
O presidente Lula foi um candidato que prometeu, não fez e teve mais sorte que juízo. Prometeu acabar com a política econômica de Fernando Henrique Cardoso, inclusive a CPMF, não fez e teve mais sorte que juízo. Apesar do PT afoito e da base aliada (esta sim, uma herança maldita de FHC), nunca antes neste País se comprou tanto automóvel, nunca antes tantos relaxaram e gozaram nos aeroportos, por conta da sorte grande de um presidente.
A sorte é tanta que até o azar joga em seu favor. Ou não foi por sorte que o líder sindical teve o azar de perder três eleições na hora certa, no momento certo e na conjuntura certa?
***
Lula tem a sorte daquele deputado, candidato à reeleição, que se viu perante o ingênuo eleitor que lhe implorava uma promessa impossível:
— Deputado, minha filha está fazendo vestibular na Universidade Federal. Será que o senhor não podia dar um ajutório lá em cima para a menina passar?
— Difícil, meu amigo. Quase impossível. Diria que são quase nulas as possibilidades de atender ao seu pedido. Mas não custa tentar o impossível! Qual o nome de sua filha?
O deputado puxou um papel do bolso, anotou o nome da garota e se despediu com um abraço caloroso. E se esqueceu do assunto.
Findo o vestibular, o candidato reencontra o pai da estudante, todo sorrisos:
— Meu deputado, minha filha passou na Federal. Muito obrigado, não tenho como lhe agradecer! Se não fosse pelo senhor ela não ia passar nunca!
Pela primeira vez candidato a vereador no balneário, Periquito pedia votos dentro de uma pequena oficina mecânica especializada em motonetas Garelli, uma geringonça italiana de motor atravessado que só pegava no tranco.
— Difícil, meu amigo. Quase impossível. Diria que são quase nulas as possibilidades de atender ao seu pedido. Mas não custa tentar o impossível! Qual o nome de sua filha?
O deputado puxou um papel do bolso, anotou o nome da garota e se despediu com um abraço caloroso. E se esqueceu do assunto.
Findo o vestibular, o candidato reencontra o pai da estudante, todo sorrisos:
— Meu deputado, minha filha passou na Federal. Muito obrigado, não tenho como lhe agradecer! Se não fosse pelo senhor ela não ia passar nunca!
***
Todo candidato que promete, se cumpre ou não cumpre, precisa de mais sorte do que juízo. É o caso de um deputado estadual de Santa Catarina de nome Edson Periquito, pelo PMDB. Filho de gente humilde, só não chegou a prefeito de Balneário Camboriú nas eleições passadas por falta de sorte e recursos financeiros no momento certo. Mas essa sorte, asseguram as pesquisas, não deve lhe faltar no ano que vem. Contra os tucanos da mais abastada cidade turística do Sul, Periquito é favorito.Pela primeira vez candidato a vereador no balneário, Periquito pedia votos dentro de uma pequena oficina mecânica especializada em motonetas Garelli, uma geringonça italiana de motor atravessado que só pegava no tranco.
— Periquito! – apareceu um cliente arrastando a Garelli no muque — Essa “naba” (Naba, no idioma catarina, é qualquer coisa de ruim!) não pega de morro abaixo, nem mesmo puxada por uma jamanta!
— Deixa na fila que até o final da tarde dou jeito na bichinha! A fila era grande, só não tão grande quanto os problemas com motores de partida da Garelli.
Quase no final do expediente, o mecânico Periquito viu o cliente daquela última Garelli da fila entrar na oficina. Por entre os pneus de uma motoneta, observava seus passos e pensava com seus parafusos: “E agora, o que eu vou dizer pro homem? Só nesse motor de partida fiquei o dia inteiro, não deu tempo nem de tirar a poeira da Garelli…”
De repente, o cliente sentou na motoneta, deu a partida no motor e… ROOOMMM! ROOOMMM! ROOOMMM!
— Periquito! A bichinha pegou! Só você mesmo pra consertar essa “naba”! Quanto eu lhe devo?
— Deve nada meu, amigo! Deixa um pro cafezinho e de resto conto com o teu voto!
— Então, muito obrigado, Periquito! E boa sorte…
— Deixa na fila que até o final da tarde dou jeito na bichinha! A fila era grande, só não tão grande quanto os problemas com motores de partida da Garelli.
Quase no final do expediente, o mecânico Periquito viu o cliente daquela última Garelli da fila entrar na oficina. Por entre os pneus de uma motoneta, observava seus passos e pensava com seus parafusos: “E agora, o que eu vou dizer pro homem? Só nesse motor de partida fiquei o dia inteiro, não deu tempo nem de tirar a poeira da Garelli…”
De repente, o cliente sentou na motoneta, deu a partida no motor e… ROOOMMM! ROOOMMM! ROOOMMM!
— Periquito! A bichinha pegou! Só você mesmo pra consertar essa “naba”! Quanto eu lhe devo?
— Deve nada meu, amigo! Deixa um pro cafezinho e de resto conto com o teu voto!
— Então, muito obrigado, Periquito! E boa sorte…
Dante Mendonça [04/11/2007] O Estado do Paraná