O mais recente elemento a apimentar o molho das eleições curitibanas foi a entrada do ex-governador Beto Richa. Deputado federal e tucano por mais de 30 anos, ele se filiou ao PL, de Jair Bolsonaro. Mas sua entrada no partido causou um racha na base bolsonarista, que era contra.
O presidente da legenda em Curitiba, Paulo Martins, deixou o cargo assim que a filiação de Richa foi formalizada. A mudança tem efeito não só na disputa curitibana, mas também em nível nacional: Martins foi o responsável pela representação que colocou em risco o mandato do senador Sergio Moro (União).
Derrotado por Moro nas urnas, Martins apresentou uma ação alegando que o ex-juiz e ex-ministro usou indevidamente recursos públicos do Podemos, para alavancar uma candidatura à Presidência, que não se confirmou. Ele ainda pretende concorrer à vaga, caso o mandato de Moro seja realmente cassado – só não será pelo PL.
Na esquerda, a briga é com Luciano Ducci (PSB). O ex-prefeito foi vice na chapa de Richa, quando ambos comandaram a Prefeitura de Curitiba, na segunda metade dos anos 2000. Deputado federal, Ducci recebeu apoio público do vice-presidente Geraldo Alckmin, que esteve na cidade para participar de um evento, e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Mas o PT paranaense torce o nariz para Ducci – entre seus detratores está o ex-senador Roberto Requião (PT). Além da proximidade com Beto Richa, Ducci votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.
Enquanto a direita e a esquerda se digladiam para definir os candidatos, outro nome desponta com o apoio da atual administração. O vice-prefeito, Eduardo Pimentel (PSD), deve ser o candidato que representará a continuidade da gestão de Rafael Greca (PSD).
Pimentel tem apoio direto do governador Ratinho Jr. (PSD), eleito com apoio do bolsonarismo, ainda forte no estado. Mas Ratinho não tem bom retrospecto em Curitiba: perdeu a disputa municipal em 2012 e, nas duas vezes que foi eleito governador, teve proporcionalmente mais votos no interior que na capital.
Ratinho e Beto Richa já foram aliados. O governador já foi secretário quando Richa foi governador. Mas os dois romperam.
Outro problema político que pode respingar na candidatura de Pimentel foi a divulgação de áudios do presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSD), confirmando que ele recebeu propina para firmar o contrato com a empresa que cuida da TV Assembleia. O caso aconteceu em 2015, mas os áudios são novidade.