Tardígrafo, o bicho mais resistente da natureza. Arthur Lira, presidente da câmara dos deputados, pertence à família dos tardígrafos, o mais resistente entre os resistentes, porque alagoano, o povo que hoje resiste mesmo morto ao afundamento do solo de sua capital: Maceió perde ruas, casas e agora perde sepulturas devido a obras públicas no solo; obras superfaturadas, que dúvida. Lira mantém Lula de joelhos, na posição mais obscena e humilhante para um político; e não há maldição de Eduardo Cunha ou sortilégio de Sérgio Moro que o detenha. A última de Lira envolve a ex-mulher, Julyenne, um prenome de larga aceitação na sociedade alagoana.
Lira açula os filhos contra a mãe para tirarem dela o apartamento que, no divórcio, recebeu em usufruto. O usufruto no Brasil é artimanha que pode esconder safadeza: ou é para driblar partilha ou inventário, deixando alguém usando e tendo os frutos sem ter a propriedade. Tem muito nas separações, quando não se pretende deixar o cônjuge separado com patrimônio que pode dilapidar com terceiro, pivô ou vítima na separação. Lira separou-se da mulher e deixou apartamento em usufruto para ela e a propriedade para os filhos. Julyenne mudou-se para o apartamento, viveu lá por algum tempo e foi embora. Diz ela que era perseguida pelo ex-marido; aqui uma presunção que dispensa prova em contrário.
Julyenne descobriu que foi passada para trás, assim igual Lula no trato com Lira: este promete, finge entregar, mas nunca entrega e para entregar exige pagamento em dobro. Foi assim: o apartamento não estava em nome nem dela, nem de Lira, nem dos filhos. Estava em nome de Fernando Collor, que o entregou a Lira sem papel passado para pagar apoio à sua candidatura ao governo de Alagoas: valor R$ 999 mil. Quando descobriu os acordes da lira, Julyenne parou de pagar o condomínio, que penhorou o apartamento e processou os filhos – também enganados pelo pai na partilha, no lance do usufruto. Briga de família, sim, que tem por trás uma de tantas mutretas de Arthur Lira, o tardígrafo que manda no Brasil.