Surge um substituto para a última do papagaio e do português
No passado, os brasileiros, ao se encontrarem, iam logo perguntando: “Sabe a última do papagaio?”. E, sem esperar resposta, trocavam piadas sobre ele, dos milhares que existiam. Era bonito. Enquanto outros povos veneravam a águia, o falcão ou o condor, o papagaio era o herói nacional. O brasileiro via nele qualidades que admirava —safo, malicioso, lúbrico. Mas, ou essas qualidades nunca existiram ou os papagaios se extinguiram, porque cessaram as piadas.
Outra favorita era a última do português. O brasileiro também as criou, aos magotes, e não eram uma vingança contra o colonizador, como se pensa, mas contra o patrão. Da Independência até ontem, os portugueses dominaram no Brasil o comércio de azeite, bacalhau, vinhos, imóveis, material de construção, lojas de ferragens, padarias, táxis e muitos outros. Hoje, com a colonização ao contrário —incontáveis brasileiros morando e trabalhando em Portugal—, são os portugueses que passaram a se perguntar: “Sabe a última do brasileiro?“.
Assim, com o sumiço do papagaio e a volta por cima do português, perdemos dois motes importantes. Mas acaba de surgir outro: “Sabe a última do Bolsonaro?”.
Uma história nova e quase inacreditável surge todo dia a seu respeito. E com a vantagem de que não precisa ser inventada, porque ele próprio a fornece. São gafes atrás de gafes, típicas de quem nunca administrou nem uma quitanda e, pelo visto, também não aprendeu a fazer política.
Vai da briga gratuita com os muçulmanos à sua ideia de ter prévio acesso às perguntas do Enem. Da admiração por torturadores e sucessivos insultos aos gays, negros e mulheres ao bate-boca com cantores de rádio. Do chocante xixigate à incômoda vizinhança com bandidos. E, agora, a história de que, em pleno Palácio do Alvorada, ele dorme com um revolver na cabeceira. Se bem que, neste caso, qual é o problema? Getulio Vargas também dormia.