Há os delinquentes de rua e os de colarinho branco. Como eles são e onde vivem? Nas grandes fraudes temos o delinquente graúdo. Se for homem, usa sapatos de verniz, impecavelmente engraxados. Se mulher, usa colar de pérolas e um vestido de cor única.
Os de rua não têm vocabulário chique, falam palavrões a cada duas frases, seus cabelos são despenteados, com um certo ar desleixado, como as roupas. Isso são preconceitos sobre delinquentes.
Sabemos que não é bem assim. Ambos roubariam os seiscentos reais do auxílio governamental e sairiam felizes do banco, contando as seis notas de cem ou as doze notas de cinquenta.
São vaidosos e, no fundo, acreditam que são nobres. A vaidade que possuem é o desejo de se diferenciar dos outros, pois não suportam a igualdade.
A vileza e a vaidade são nomes diferentes, mas não fazem diferentes os homens. Por mais que a vaidade finja, invente e dissimule, tudo são imagens supostas e fingidas, tudo são sonhos de homens acordados (Mathias Aires).
Eis o mistério: não sabemos onde eles habitam. Temos uma pista: eles zombam da Constituição, da ciência e das instituições. Atualmente, a zombaria de alguns graúdos é não considerar as medidas sanitárias urgentes que devem ser tomadas em prol da população.
Aí vem a pergunta: até quando o Brasil enterrará milhares de vítimas, sem tomar as medidas de governo, com base na ciência, naquilo que o mundo tem feito e tem dado certo? Quebrar o isolamento com base em álcool em gel e máscaras não aplacou a pandemia nos países que reduziram drasticamente o número de infectados.
Os menos favorecidos, que não conseguem fazer o isolamento, devem ser atendidos prioritariamente pelas políticas de Estado. Os testes em massa devem ser feitos, muito antes do relaxamento da quarentena.
Isto são fatos, constatados cientificamente, não discursos. A pandemia, porém, ainda não está na agenda prioritária. Ela é secundária às vaidades para solapar a República.