“Lembro-me de que meu pai começou a ensinar-me quando eu tinha cinco anos, ou, falando mais claramente, a açoitar-me quando eu tinha apenas cinco anos. Açoitava-me, dava socos nos meus ouvidos, golpeava-me pela cabeça, e a primeira pergunta que eu fazia ao despertar era: será que vou apanhar hoje? Era-me proibido participar de brincadeiras ou brincar sozinho buliçosamente.
Tinha que assistir aos ofícios religiosos matutinos e vespertinos, beijar a mão dos padres e monges, ler salmos em casa… Com oito anos, devia cuidar da loja e trabalhar regularmente como moço de recados, o que afetou muito minha de saúde, pois ele me batia quase todos os dias. Posteriormente, quando fui mandado para a escola secundária, estudava até o almoço, mas do almoço ao anoitecer tinha que ficar na loja”.
Ainda tá achando sua própria vida difícil? Imagine o que passou o moço acima! Depois se tornou médico e escritor famoso. Seu nome? Anton Chekhov.
*Rui Werneck de Capistrano é escritor nas horas vagas e fagueiras