RIO DE JANEIRO – Em 1964, diante da sucessão de asneiras cometidas sob a nova ordem instaurada no país –militares invadem casa de professor e confiscam o clássico marxista “A Capital”, de Eça de Queiroz; artista plástico vai preso por fazer exposição cubista, estilo de pintura originário de Cuba; neto de general obriga neto de coronel a bater continência para ele na escola–, Stanislaw Ponte Preta criou na “Última Hora” o Febeapá –o festival de besteira que assolava o país.
Era para rir e, ao mesmo tempo, para chorar. A que ponto chegara o Brasil, com aquela gente no poder. Bem, há muito deixamos de ser uma ditadura, mas o Febeapá nunca morreu de todo. De alguns anos para cá, por exemplo, parece mais potente do que nunca. Com uma diferença: as besteiras agora só se voltam contra quem as comete. Como a presidente Dilma, uma renitente praticante.
Certa vez, disse que o filme “Vidas Secas” mostrava o drama dos nordestinos que saíam “do Nordeste para o Brasil”. De outra, situou no Rio a Baixada Santista. Classificou a mandioca como “uma das maiores conquistas do país”. No mesmo discurso, criou uma nova espécie humana: a “mulher sapiens”. E sempre foi distraída, não? Na campanha para sua primeira eleição, em 2010, seus assessores ousaram confundi-la com Norma Bengell numa foto da Passeata dos 100 mil, em 1968, e Dilma achou muito natural; depois, inventaram-lhe um doutorado em ciências econômicas pela Unicamp, e ela também não protestou.
Outro dia, justo ao ser acusada de praticar “pedaladas” para falsificar os números da economia, Dilma começou a pedalar de verdade, deixando-se fotografar andando de bicicleta em Brasília. Que festa seria Stanislaw entre nós!
Mas, como se vê, as besteiras não se voltam só contra quem as comete. Ao fim e ao cabo, todos somos vítimas desse caos mental