Alice Ruiz, para quem não conhece as alices ruízes, é uma planta da família das violáceas, de estípolas foliáceas, sempre cercada de áureasalices e estrelas-da-manhã por todos os lados, cuja função é servir de alicerce para todos os aquis, deixando para cá os alis que agora gorjeiam e não gorjeiam como lá.
Há as alices ruízes que flutuam como as brumas de um letargo, que provocam os broquéis dos cruzesouzas e alimentam fonemas nos vocábulos, causando uma leve aliteração aos sábados, desde que simetricamente dispostos. São seres alígeros, descritos em prosa e verso, na sua mais transparente tradução, aliformes, alindados e, por tudo isso, alimento dos deuses.
As alices ruízes, poiemas, que provocam as tempestades no deserto, transubstanciam-se em primavera em pleno outono, numa galactopoese silenciosa antes do pôr-do-sol, contrariando a teoria da versificação. Outras, poietés, de imaginação inspirada, de três versos, dos quais dois são pentassílabos e um, o segundo, heptassílabo, são pequenas ilhas orientais que seduzem e deslumbram até prova em contrário.
Agrisalhadas, com o passar do tempo, são fontes de água lustral, a água sagrada dos antigos, preparada na pira dos sacrifícios, diferente das águalices comuns. Líquidas e certas, na Grécia, eram cultivadas aos pares para exposição de idéias sob a forma imaginativa, em noites de lua cheia. A especialidade das alices ruízes é a floração, desenvolvida com astúcia e elegância quando as palavras se encontram.
Há ainda os horóskopos, alices ruízes dedicadas às divindades, à religião, aos ritos e aos cultos, entre uma página e outra, pitonisas transparentes, cúmplices da situação dos astros. Todas as alices ruízes unidas, uma por todas e todas por uma, sempre, são moças polidas, levando uma vida lascada.
E, no país das maravilhas, enquanto você faz poesia, elas, poetas no país dos espelhos, ouvem a cotovia.